Esta proposta de palestra surge a partir de discussões levantadas e promovidas com o Grupo de Pesquisa Infância e Feminismos (doravante InFemis) da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Segundo Candido, em Direito à Literatura, o respeito dos direitos humanos bem como seu acesso a eles vai além dos bens básicos e indispensáveis, enfatizando a necessidade de uma leitura da literatura enquanto dispositivo que emancipa e humaniza, sem finalidades pedagogizantes e instrumentais para doutrinar ou acostumar os sujeitos a certas práticas. Deste modo, é preciso pensarmos nos efeitos de sentido que podem produzir e que são reverberados a partir do uso da linguagem neutra e inclusiva na literatura, sobretudo, na infantil. Será que é possível encontrar o uso da linguagem neutra e inclusiva na literatura infantil? Por que pensar as novas formas de linguagem se faz tão necessária atualmente? Ao pensar no ato de ler livros enquanto fazer sociocultural, tornamo-nos sujeitos mais plenos, pois aprendemos princípios humanísticos como o da igualdade entre os seres, o da importância de ser e nos tornarmos um agente de transformações sociais e culturais decisivas para a vida em sociedade. Disso se justifica a relevância de incluir todas as formas de linguagens para formar sujeitos sociais mais preparados para a vida em comum, com suas contradições a reconhecer e com suas desigualdades a combater. Por isso, a reflexão sobre as formas de fomentar a igualdade de gênero de maneira progressiva, naturalizada, uma vez que, as crianças enquanto sujeitos históricos são capazes de (re)produzir, desde muito pequenas, os valores culturais que as cercam, que se impõem sob a força do consenso. Isso promoverá a desconstrução de alguns consensos perversos, com gestos e práticas constantes, sendo a linguagem uma delas, com engajamento pode corroborar para a promoção de uma sociedade mais sensível, solidária e justa.