A mulher teve, desde muito tempo, um lugar de subalternidade diante da figura masculina. Logo, a discussão de gênero é oportuna para compreender os fatores que desencadearam esse processo e que são responsáveis, ainda na contemporaneidade, por legitimar práticas misóginas e desigualdade de direitos da figura feminina na sociedade. Nesta perspectiva, o texto literário, como arte que imita a vida e, inclusive, aponta as incoerências sociais, pode ser instrumento de problematização das questões de gênero. Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a importância das personagens femininas machadianas para a discussão de gênero. Ainda, foram elencados como objetivos específicos: contextualizar o período histórico da produção das obras machadianas; discutir sobre o patriarcado e sua influência na subalternidade da mulher e explorar de forma sucinta algumas personagens femininas que se destacam na obra de Machado de Assis. Com efeito, se trata de uma pesquisa bibliográfica que teve como aporte teórico os estudos de autores como: Louro (2004); Santiago et al (2010); Schwarz (2000); Stein (1984), dentre outros. Constatou-se que a subalternidade da mulher está fortemente atrelada às raízes do regime patriarcal, o qual Machado de Assis explorou e apontou, revelando as contradições da sociedade desse período em obras nas quais a figura feminina aparecia em condição de inferioridade ao homem, aspecto comum na sociedade do século XIX. No entanto, os resultados apontam que algumas mulheres machadianas se destacam, indo na contramão do patriarcado tendo em vista seus perfis emancipados e transgressores, a exemplo de Capitu, em Dom Casmurro e Vigília e Marcela, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, as quais são personagens que fogem do ideal de mulher para a época, posto que são autênticas e vivenciam seus desejos de forma intensa, sem deixarem-se subjugar pelos preceitos que lhes impunham uma vida limitada ao casamento e ao lar.