Este trabalho apresenta uma problematização a respeito das cotas raciais a partir da perspectiva analítica da Filosofia Política. Para isso considera a obra do filósofo estadunidense Michael Sandel (2020a) como norteadora a respeito do “fazer a coisa certa”. Tomando a temática como uma “questão” que permeia diversas perspectivas políticas em nossa sociedade, sabemos que estas, também, afetam o campo educacional, principalmente na promoção de políticas públicas. Neste sentido, utilizando uma metodologia de cunho qualitativo-bibliográfico, analisamos fundamentos a favor e contra a política de cotas raciais a partir dos fundamentos de diversas correntes da Filosofia Política apresentadas por Sandel. Neste percurso, principalmente através da perspectiva kantiana, consideramos que do ponto de vista ético, as cotas raciais devem ser implementadas como busca pelo estabelecimento universal de práticas. Estas não visam o essencialismo, mas sim, uma perspectiva que contemple expectativas a respeito do social e, de maneira mais estrita, da vida política. Concluímos, assim, que através desta análise as cotas raciais podem ser defendidas e ampliadas, principalmente, pelo fato de que não poder ser contestada através de perspectivas como a liberal, a utilitarismo e a libertária. Além disso, considerando-a como imperativo categórico, podemos fundamentar sua existência através de uma linha argumentativa que pode, entre tantas possibilidades, corroborar uma via discursiva e argumentativa no cotidiano da comunidade escolar como forma de amenizar a moralização da questão.