O presente trabalho teve como objetivo investigar a relação entre as queimadas intencionais e naturais e o impacto no Bem Viver em Arraias e Combinado, no Tocantins, e em Campos Belos e Cavalcante, em Goiás. Existe um antagonismo quanto a utilização do fogo, onde duas possibilidades de manejo disputam espaço na sociedade: numa o fogo é algo negativo, prejudicial à saúde humana e do meio ambiente; e noutra é positivo, pois colabora com o fortalecimento do bioma, ajudando na sua preservação e manutenção da vida no Cerrado, o principal bioma do Tocantins e Goiás. Historicamente, nesta região, as comunidades tradicionais quilombolas e indígenas, utilizam o fogo como prática cultural de forma positiva. A pesquisa, fruto de um projeto de inovação pedagógica desenvolvido junto à disciplina de Educação em Direitos Humanos do Curso de Pedagogia da UFT, foi fundamentada na perspectiva educação ambiental e dos Direitos Humanos de Terceira Geração (BOBBIO, 2004) e do Bem Viver (ALCANTARA; SAMPAIO, 2017). O princípio do Bem Viver surge das comunidades indígenas da América do Sul e seu significado traz o sentido desses povos no cuidado com o meio ambiente. Metodologicamente, além da pesquisa bibliográfica, foram levantados documentos sobre as políticas ambientais que tratam da questão, foi aplicado um questionário com a população dos municípios campo da pesquisa e realizada entrevista com brigadistas do Museu do Fogo de Cavalcante, Goiás. Como resultado da pesquisa destaca-se que embora predomine uma visão negativa do fogo no Cerrado, sua presença é natural deste bioma e os saberes dos povos ancestrais oferecem possibilidades de manejo consciente e sustentável que preparam o solo para produção da agricultura familiar e ao mesmo tempo previne queimadas de grandes proporções nos períodos de seca.