O presente texto tem como finalidade expor e analisar os impactos socioambientais e socioterritoriais causados por instalações de usinas hidrelétricas na Amazônia, mais especificamente no território amapaense. Ele focaliza as instalações das hidrelétricas construídas nas bacias hidrográficas dos rios Araguari (Coaracy Nunes, Ferreira Gomes e Cachoeira Caldeirão) e Jari (Santo Antônio do Jari). Trata da influência das áreas dos reservatórios e dos impactos causados às comunidades ribeirinhas que perderam os seus territórios de vivência, o que afeta diretamente a sua qualidade de vida. Esses quatro empreendimentos hidroenergéticos são examinados como desdobramentos da política energética adotada para a Amazônia como um todo. Metodologicamente, o texto se baseia em pesquisa bibliográfica e em sítios da Internet (das empresas gestoras de hidrelétricas), além de pesquisas em campo e em observação não participante. Os principais resultados indicam que os reservatórios das hidrelétricas estudadas causam impactos ambientais (submersão de florestas, fragmentação de habitats e mudanças nos regimes hidrológicos dos rios) e danos socioambientais irreversíveis, reduzindo o acesso dos residentes aos componentes da natureza, provocando inclusive a realocação de populações, como ocorreu com comunidades no entorno da usina de Santo Antônio do Jari.