A presente escrita reflete sobre as práticas do/no QuilomBonja, projeto escolar cujo professor e estudantes dos anos finais do ensino fundamental fazem pesquisa na ótica da Educação para as relações étnico-raciais (ERER) na comunidade em que atuam, cujo objetivo é a produção de autonomia e protagonismo dos estudantes, desde sua inserção em pesquisa de temas sensíveis a sua comunidade. A metodologia é dialógica com base nos círculos de cultura em Freire (1987, 2003) e hooks (2007) e se orienta no paradigma qualitativo da pesquisa-ação com Triviños (2001) e André (2001), no formato de pesquisa bibliográfica, entrevistas semi estruturadas, oficinas temáticas e diários de campo, a fim de recriar a educação popular desde uma perspectiva racializada, conforme Brasil (2013 e Silva (2010)). Nesse movimento educativo-investigativo, conforme discutido em Silveira (2018) os estudantes-pesquisadores tem se encontrado com a histórica luta dos negros no Brasil, a racialidade inscrita nas políticas de “modernização” do espaço urbano em Porto Alegre/RS, a formação espacial das periferias e a presença negra na cidade, descobertas com as quais anunciam novos saberes ao currículo escolar, acrescentando e revisitando temas considerados fundamentais nas atividades de ensino com pesquisa, afirmando sua cognoscibilidade no processo de produção e aquisição do conhecimento. Da provisoriedade dos achados, o projeto tem fomentado os estudantes como curiosos epistemológicos potentes nas ações pedagógicas desenvolvidas, que constroem a partir de suas experiências espaciais epistemologias étnico-raciais negras, cuja problematização indaga a relação desses jovens com seu espaço, fomentando sujeitos e conhecimentos desde seus territórios.