O estado do Ceará é considerado referência na implantação e gerenciamento da política hídrica notoriamente a partir do ano de 1986 com o projeto mudancista conhecido como "Governo das Mudanças", este que investiu de forma vultuosa na questão hídrica priorizando investimentos na instalação de infraestruturas artificiais em paralelo a diversas dinâmicas territoriais que surgiram, tais como indústrias, crescimento populacional e agricultura irrigada (BRITO, 2016; SABOIA, 2015; MALVEZZI, 2007). As obras realizadas, ao mesmo tempo que transformaram o território e o acesso à água para o setor produtivo e parte da população, fortaleceram o processo de surgimento de desigualdades socioespaciais quanto ao acesso a serviços básicos comprometidos, violência urbana, empregos temporários, desapropriações de propriedades ocasionando conflitos etc. Neste sentido, a questão central deste artigo é: quais as divergências e convergências no que se refere ao modelo hídrico e quanto ao uso do território no Ceará. A referência espacial delineada são os territórios dos dois estados, com foco nas obras hídricas de transferência, captação e uso da água com destaque para a política de açudagem, obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) e principalmente do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) e criação de perímetros irrigados.