Raça, nos livros didáticos de Geografia, ainda é uma temática que está sendo tencionada e expandida no Brasil, tendo em vista, preocupações históricas acerca da disciplina, dos debates entorno da Educação e de pensar cristalizações e violências raciais estruturais em nossa sociedade. Investigar os compêndios, os entendendo enquanto objeto e fonte de pesquisa (ANGELO, 2014), potencializa questionamentos e mobiliza cristalizações nas discussões à respeito da Educação e da Geografia, salientando que os contornos raciais e as teorias racialistas estiveram presentes de forma central na elaboração e reprodução de conteúdos. No período da Primeira República brasileira (1889-1930), a Escola era vista enquanto foco primordial para refazer uma sociedade miscigenada em uma outra, civilizada, moderna e higiênica (SCHWARCZ, 1993; BONFIM, 2017), neste sentido, foram mobilizadas bases científicas que pudessem responder e encaminhar esse projeto nacional. A Geografia, nesse sentido, foi sinalizada enquanto uma ciência possível para conciliar respostas e argumentos que favorecessem a narrativa moderna e conciliasse os entraves de um cenário nacional pós-abolição (CIRQUEIRA, 2015). Nesse sentido, a presente pesquisa, visa investigar através do livro didático, Corographia do Brasil de 1910, do autor e geógrafo Henrique Martins, a representação racial contida no capítulo I, referente a descrição política do Brasil. Para estruturar de forma aprofundada e sistemática as reflexões è respeito do referido capítulo de Martins (1910), estruturo meu aporte teórico através da intersecção entre: Cesáire (1978), Schwarcz (2012), Machado (2014) Cirqueira (2015); Carvalho (1990), Bonfim (2017); Albuquerque (2011), Angelo (2014) e Silva (2012).