O artigo em questão examina a apropriação de terras comunais no Brasil, em particular na Bahia, após a crise financeira global de 2008. A análise destaca que a crise gerou uma busca por investimentos que intensificou a pressão sobre as terras comunais, coletivas e de uso compartilhado de comunidades e povos tradicionais, importantes para a manutenção de suas culturas e modos de vida. Esse processo de acumulação primitiva impulsiona a produção do modo capitalista por meio da destruição de laços comunitários e tem resultado no aumento dos conflitos no campo. O artigo apresenta estudos de caso sobre a usurpação de terras comunais nas comunidades Geraizeiras e de Fecho de Pasto do Oeste da Bahia, bem como sobre o empreendimento turístico-imobiliário na Ilha de Boipeba. Além disso, fornece dados sobre a chegada de parques eólicos, energia solar e o avanço da mineração em terras comunais na Bahia. O estudo emprega uma metodologia que combina levantamento de dados secundários e primários, como entrevistas e oficinas territoriais com a comunidade de pescadores de Cova da Onça. Os resultados sugerem a necessidade de proteger as terras comunais como forma de preservar a diversidade cultural e a autonomia dos povos tradicionais. O artigo ainda defende a importância de se debater o papel do Estado na usurpação das terras comunais no contexto da questão agrária e do campesinato.