A pesquisa a ser apresentada analisa o processo de produção de Cartografia Social do Comitê SOS Providência – organização social que se estrutura através de uma articulação entre diversos movimentos sociais do Morro da Providência na cidade do Rio de Janeiro. Intitulada como a “Visão dos Crias”, esta cartografia se caracteriza, fundamentalmente, a partir das imaginações e subjetividades dos sujeitos moradores – identificados no programa como Morador Monitor (MM) – do Morro, balizadas, inicialmente, nas experiências condizentes do enfrentamento aos impactos da pandemia causada pela Covid-19. Observamos, a partir deste estudo, que a cartografia torna-se um objeto de disputa política a partir da sua manipulação por grupos sociais subalternizados sobre a sua produção e uso. Um movimento qualificado pelo desempenho de raciocínios espaciais – de (re)pensar as situações, as práticas, as relações com/nos territórios – e, pelas (auto)afirmações representacionais – que, de toda forma, enfrentam a neutralidade político-científica e racial da cartografia tecnocrática/científica como versão única ou oficial da representação/discurso político por mapas –, movimento que compreendemos como ativismos cartográficos. Entretanto, a Visão dos Crias traz em sua essência e simbologias, necessariamente, o mapeamento do espaço vivido. Em suma, este estudo considera ainda como basilar, o trabalho de assessoria técnica cartográfica feito, conjuntamente, com o Núcleo de Estudos em Geografia, Relações Raciais e Movimentos Sociais do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NEGRAM-IPPUR-UFRJ).