O presente trabalho busca visibilizar e refletir sobre as estratégias de aquilombamento agenciadas pelas atuais lideranças e demais detentore(a)s do Maracatu-Nação Cambinda Estrela, agremiação autointitulada “Quilombo de Chão de Estrelas” e sediada na comunidade de Chão de Estrelas, bairro Campina do Barreto, zona norte de Recife (PE). Os dados são provenientes de trabalhos de campo e entrevistas com as lideranças, realizados no segundo semestre de 2022, postos em diálogo com a bibliografia específica de autora(e)s da Geografia e outros campos das chamadas Ciências Humanas, como a História e a Antropologia. A pesquisa demonstrou que a articulação cultural em torno do maracatu-nação Cambinda Estrela, através das iniciativas promovidas pelo Centro Cultural Cambinda Estrela (projeto social da nação desde os anos 2000 que, atualmente, também abarca um maracatu mirim, um afoxé e um grupo de coco), tem sido ferramenta para cidadania de pessoas negras de várias faixas etárias que residem em Chão de Estrelas, comunidade periférica da cidade de Recife. Territorialidade (em termos de conhecimento, pertencimento e atuação no território da comunidade), coletividade, afirmação racial positiva e trabalho comunitário articulado em rede com ONGs (como a Central Única de Favelas) e outras instituições têm garantido direitos sociais e a salvaguarda do patrimônio cultural, o que nos permite afirmar a existência de uma geografia negra para além do Carnaval.