A sociedade na qual vivemos tem sido caracterizada como a sociedade de riscos, sendo a escola o lugar em que borbulham todos os riscos que nos cercam. Diante disso, objetivamos ler as espacialidades docentes por meio da geografia dos riscos e resiliência, pautando nossa investigação na geografia fenomenológica, que possibilita que risco, resiliência e vulnerabilidade sejam lidos em consonância com lugar, fundamento espacial da existência. Para tanto, o recorte espaço-temporal dessa pesquisa conta com o período de intensificação da pandemia de covid-19 (2020-2021) e o período disseminado como pós-pandemia (2022-2023). Os procedimentos metodológicos pautaram-se na aplicação de questionário semiestruturado e estruturado e pesquisa bibliográfica. Com isso, buscamos apontar, por meio da percepção dos professores, como os riscos da profissão docente tornam-se cicatrizes mal curadas devido aos tratamentos quase sempre paliativos e pouco assertivos. Nesse cenário de crise e sofrimento, a resiliência surge não como positividade tóxica, como se fosse uma obrigação do sujeito produtivo, mas como condição do corpo-lugar. Enquanto tática de resistência docente, a resiliência surge na reconstituição das relações topológicas dos professores para com seu lugar de trabalho, o que é representado pelas relações com outros docentes, discentes, demandas laborais, instrumentos de trabalho, concepção de educação, ensino, entre outros valores do ofício do professor.