A pobreza é um dos mais graves problemas sociais do mundo contemporâneo. No Brasil, os processos de precarização das condições de vida se avolumam no território, incluindo o retorno de privações extremas, como a fome. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar a pobreza urbana na cidade média de Santa Maria, no Rio Grande do Sul (RS), a partir da perspectiva da privação social. Para isso, foram utilizados dados primários e secundários. Os dados primários obtidos a partir de trabalhos de campo, realizados nos bairros urbanos de Santa Maria entre os anos de 2020 e 2023. Os dados secundários foram coletados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Planejamento de Santa Maria (IPLAN) e Cadastro único para Programas Sociais (CadÚnico), adquiridos junto à Secretária de Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Santa Maria (PMSM), referentes ao período de janeiro de 2022. Santa Maria apresenta expressivas desigualdades socioespaciais em sua área urbana, especialmente nas periferias, com situações de privação acentuadas em determinados sistemas urbanos, criados a partir de rugosidades ou formas espaciais especificas, como: entornos da ferrovia que corta a cidade, do Arroio Cadena (principal rio urbano) e do Morro Cechella (forma espacial natural geografizada em condições de risco socioambiental). Desse modo, inúmeras são as situações de pobreza e precarização que impactam diretamente nas condições de vida das populações urbanas de Santa Maria, configurando-se como perversidades que privam os pobres da cidade do direito ao uso do território e a cidadania.