O contexto atual do capitalismo contemporâneo é marcado por políticas neoliberais que promovem a aproximação entre Estado e empresariado, o que se reflete em diversos setores. A natureza, que sempre foi mercantilizada, hoje passa a fazer parte de um mercado ecológico, no sentido de que a proteção ambiental se tornou estratégia de acumulação, com a privatização de áreas protegidas. O avanço da gestão privatizada dessas unidades de conservação, incentivado pelo Estado, é uma urgente agenda de pesquisa em que a Geografia muito tem a contribuir. O trabalho tem como objetivo apresentar o cenário atual da concessão privada da gestão do Parque Nacional do Itatiaia, no estado do Rio de Janeiro, à luz da Geografia Econômica e da Ecologia Política. A metodologia foi fundamentada em pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Entre os resultados atingidos, identificamos que a empresa ganhadora da licitação para gestão do parque em 2019, Hope Recursos Humanos, que cumpriria um contrato de 25 anos e investiria R$ 17 milhões em melhoria de serviços e infraestrutura, não cumpriu com suas atribuições, se tornou alvo de investigações e entrou em recuperação judicial, sendo substituída em 2022 pela empresa Parquetur, hoje líder na administração de parques no país. É necessário discutir esse processo como parte da neoliberalização da natureza, investigando a financeirização e os interesses envolvidos.