O objetivo deste artigo foi analisar a percepção de uma pessoa, que nasceu cega, sobre o dia e a noite. Para essa finalidade, foi empregado o método arqueogenealógico e o referencial teórico delimitado pelo curso ministrado por Michel Foucault (1929-1984) no Collège de France, no biênio (1974-1975), o qual foi sistematizado nos livros Os Anormais e As Palavras e as Coisas. Igualmente foi tomado de empréstimo os procedimentos analíticos do método cartográfico proposto por Gilles Deleuze (1925-1995) e Félix Guattari (1930-1992), como lentes investigativas combinadas, mas de modo não hierarquizado. Foi selecionado um excerto de entrevista realizada com pessoa cega de nascença. Considerou a importância da inclusão escolar assentada na premissa de que ela apenas se efetiva, quando de maneira irrestrita, por isso, é que ela não pode ser delimitada apenas à convivência física em um mesmo ambiente, mas para além disso deve também ser pensada e concretizada na convivência social e valorização da diversidade epistemológica. No caso especifico deste estudo, enfatiza a necessidade do reconhecimento da cosmologia cega, assegurando o ensino da astronomia para as pessoas cegas, por coerência aos princípios da inclusão escolar. Como conclusão, pode perceber que a compreensão sobre o dia e a noite dessa pessoa se arrima na dinâmica social, em que os sons e ruídos indicam atividade humana, o dia; o silêncio, no entanto, presume uma incógnita, que só é resolvida com o uso dos dispositivos tecnológicos.