As forças de Operações Especiais (OpEsp) da Marinha do Brasil são tropas militares altamente especializadas para atuarem em ambientes operacionais complexos, sob condições físicas e psicológicas adversas. Dado o exposto, os cursos de OpEsp incluem uma fase de preparação física que visa otimizar a aptidão física dos alunos para suportarem as exigências nas demais etapas, melhorar a capacidade operacional e nivelar o grupo. Embora o exercício físico seja um importante fator para melhorar a condição física, as lesões musculoesqueléticas são importantes efeitos adversos e devem ser monitoradas uma vez que a exposição a esse risco pode impactar negativamente no desempenho durante e na conclusão no curso. Portanto, compreender a epidemiologia das lesões é essencial para traçar estratégias que minimizem o risco desses transtornos para preservar a capacidade militar. Logo, o objetivo do estudo foi monitorar a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos (SME) durante a preparação física do curso de OpEsp para avaliar como as consequências refletem no desempenho do combatente. Monitorou-se 58 alunos ao longo de 9 semanas em que ocorreram 64 sessões de treino. A investigação dos SME ocorreu através da aplicação semanal do questionário autorrelatado de problemas de saúde do centro de pesquisa de Oslo, no qual o aluno deveria responder após a última sessão da semana se algum problema afetou a participação, se adaptou o treino, se afetou o desempenho e se apresentou dor. Os resultados são descritos a seguir. Aplicados os critérios de exclusão, 48 alunos foram selecionados e 43 (89,6%) deles apresentaram dificuldade para treinar devido a SME em ao menos uma semana do treinamento e 58,1% desses (25) relataram problemas na participação em mais da metade da preparação. Além disso, 28 (58,3%) modificaram o treino ao menos uma semana e 32 (66,7%) relataram que o SME afetou o desempenho do treinamento em ao menos uma semana do curso. Contudo, apenas 8 (25,0%) relataram desempenho afetado em mais da metade do treinamento. E ainda 42 (87,5%) relataram dor em ao menos uma semana da preparação sendo que 57,1% (24) relataram dor em mais da metade da preparação física. Com base nos resultados apresentados é possível observar que o SME é um fator recorrente e está presente nos diversos níveis de condicionamento físico, impactando diretamente na participação dos alunos, na execução do treino e no desempenho, embora a maioria dos alunos foram capazes de conviver com o SME e manter um desempenho satisfatório na maior parte da preparação. Em contrapartida, a inobservância dos problemas pode agravar o dano e afetar futuramente a capacidade operacional. Nesse sentido, faz-se necessário monitorar a resiliência desses alunos como medida de prevenção do agravo dos SME de forma a evitar complicar a situação sintomática.