Introdução: Desde os primórdios, a violência está presente nas relações da humanidade. As manifestações de violência são diversificadas e se expressam em vários contextos. Contrapondo-se ao fenômeno violência, o judô tem como pilar o desenvolvimento dos princípios éticos e morais em seus praticantes, além das técnicas e táticas utilizadas. Objetivo: Esse estudo teve como objetivo investigar a percepção dos professores sobre o fenômeno violência nas aulas de judô. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo. O estudo foi acolhido por 3 escolas de judô, situadas no município de Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo. Foram participantes 3 professores de judô, sendo um de cada escola. As informações foram levantadas por meio de um questionário semiestruturado contendo sete questões. Para explorar as informações coletadas utilizamos a análise de conteúdo. Resultados e discussão: Foram suscitadas 6 categorias: Percepção de violência; Ações violentas dos alunos; Atitudes dos professores ao lidarem com a situação de violência; Abordagem da temática violência nas aulas; Possibilidades de ações não violentas e Constructo sobre violência. Os professores explicitaram que percebem a complexidade inerente à temática violência e destacam que os relacionamentos interpessoais e intrapessoais contribuem para a manifestação do fenômeno. Em episódios nos quais a violência é evidenciada, para minimizar as situações, os docentes utilizam o diálogo embasado na filosofia da arte marcial. Relatam que muitas vezes os atos violentos dos alunos estão relacionados aos acidentes que acontecem durante os treinos. Outro aspecto que emergiu nos depoimentos dos profissionais é que a violência social acaba se materializando nas aulas. Considerações finais: Pudemos verificar que os professores participantes têm lidado com as situações de violência no contexto das suas aulas, mas, tem se apoiado nos referenciais milenares da cultura marcial. Sob um aporte de autocontrole e respeito, o judô vem sendo praticado como um aliado da cultura da não violência. Sabemos que a violência sempre esteve presente na sociedade. Atualmente, a incidência do fenômeno em espaços educacionais tem se propagado abruptamente. Para enfrentar essas situações é fundamental o entendimento e análise de cada contexto evidenciando a identidade de cada um dos envolvidos, mas sobretudo, que seja realizada uma intervenção calcada nos princípios da prática da luta como esporte e não como ferramenta de exacerbação da agressividade diante dos conflitos pessoais.