Introdução: A preparação esportiva é composta por três sistemas: competição, treinamento e fatores complementares. Em relação ao ballet clássico, que não é uma modalidade esportiva, mas se aproxima em questões de desenvolvimento de um bailarino que almeja apresentar seu desempenho ótimo em diferentes objetivos, como no sistema de competição Royal Academy of Dance (RAD), composto por exames anuais que exigem potência, resistência muscular e agilidade, de modo delicado e artístico. Quanto ao sistema de treinamento, existe uma tendência em priorizar a técnica, com pouco estímulo de alta intensidade, principalmente em fases iniciais, mesmo diante das exigências físicas intensas nos exames como o grand allegro (grandes saltos), passo já requisitado nos anos iniciais da RAD. Isto posto, ficam as questões: Qual o efeito das aulas regulares sobre a potência dos membros inferiores das bailarinas? Apenas as aulas de ballet são capazes de gerar uma evolução adequada para um desempenho ótimo nos exames RAD? Objetivo: Mensurar e comparar a potência dos membros inferiores de bailarinas antes e após 12 semanas de aulas de ballet clássico. Métodos: Participaram sete bailarinas (11,3±1,0anos; 151,5±8,2cm; 41,3±5,5kg; 4,9±1,5 anos de prática) após aprovação no CEP (CAAE: 57512622.7.0000.5404), que cursavam o Grade 3 RAD e preparavam-se para o exame anual com carga horária de 120 minutos semanais de aulas de ballet. Todas apresentaram frequência mínima de 75% nas aulas e não praticavam outra modalidade de dança e/ou de condicionamento físico. Para mensurar a potência, foi realizado o teste de salto vertical com o tapete de contato CEFISE® e sob as técnicas Squat Jump (SJ) e Countermovement Jump sem uso dos braços (CMJ) e com uso braços (CMJb). Foram coletados o tempo no ar (TA; ms), altura do salto (A; cm), potência absoluta (P; W) e potência relativa (Pr; W/kg). Os testes ocorreram antes de aprenderem o grand allegro (?) e depois de 12 semanas de aulas (?). Quanto à estatística, foi verificada a normalidade com o teste de Shapiro-Wilk e no inferencial, utilizou-se a técnica de análise de variância para o modelo de medidas repetidas e o teste de comparações múltiplas de Bonferroni, com nível de significância de p<0,05. Resultados: Os resultados apontam para melhora significativa (p<0,05) nas variáveis SJ–TA (? 414,1±30,1; ? 443,7±30,4), SJ–A (? 21,1±3,0; ? 24,2±3,4), SJ–P (? 1091,5±390,6; ? 1328,0±312,4), SJ–Pr (? 25,7±6,4; ? 31,2±5,4), CMJ–TA (? 426,1±31,9; ? 444,1±34,1), CMJ–A (? 22,3±3,4; ? 24,3±3,7), CMJ–P (? 1181,2±443,7; ? 1369,9±417,3), CMJ–Pr (? 27,6±7,1; ? 31,3±6,4) e CMJb–P (? 1391,4±428,3; ? 1563,1±378,1). Conclusões e aplicações práticas: Conclui-se que o efeito das aulas foi positivo sobre a maioria dos aspectos analisados o que aponta para informações práticas que podem ser utilizadas no dia a dia das bailarinas, particularmente quanto ao nível de potência dos membros inferiores após 12 semanas de aulas regulares de ballet clássico.