Várias estratégias têm sido propostas e utilizadas com o objetivo de reduzir e minimizar as dificuldades de leitura e escrita em crianças com dificuldade de aprendizagem. Evidências apontam que crianças em idade escolar com transtornos de aprendizagem como a dislexia e o transtorno de hiperatividade e déficit de atenção podem apresentar alterações nas habilidades de função motora global, equilíbrio, organização espacial e organização temporal. Evidências demonstram, ainda, que crianças com dislexia utilizam informação sensorial para controlar as ações motoras, porém não as utilizam de maneira tão eficiente quanto crianças sem transtornos de aprendizagem. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito de um programa de intervenção sensório-motora de 8 semanas e de um programa de intervenção computacional para treinamento do movimento dos olhos (https://ib.rc.unesp.br/#!/departamentos/educacao-fisica/laboratorios/lem/dislexia/treinamento-movimento-dos-olhos/) no desempenho da leitura e no comportamento motor de crianças com dislexia. Participaram do estudo 9 crianças com transtornos de aprendizagem com idade de média de 10,6 anos ± 2,4. Inicialmente, as crianças foram avaliadas (T1) a partir de testes neuropsicológicos (teste de velocidade de leitura -TDE, teste de nomeação automatizada rápida -NAR, teste de atenção seletiva -TAC), tempo da leitura em três diferentes condições (filtro digital colorido verde, sem filtro, filtro digital colorido azul), coordenação manual (teste de nove pinos), agilidade (teste do quadrado) e controle postural. Posteriormente, as crianças participaram do programa de intervenção sensório motora. Esse programa foi composto por atividades motoras, envolvendo atividades de coordenação motora, habilidades locomotoras e manipulativas, com sessões 2 vezes por semana, 50 minutos. Nos dias alternados, as crianças realizaram atividades visuais específicas (memória visual rápida, detecção de movimento, movimentos sacádicos à direita e com mudança de linha), disponibilizadas a partir de um programa computacional, com duração aproximada de 15 minutos diários. Após 8 semanas todas as avaliações foram refeitas (T2). Os resultados mostraram que crianças com transtornos de aprendizagem após as duas intervenções apresentaram uma diminuição no tempo de leitura utilizando um filtro digital azul. Foi observado também uma diminuição para o NAR. Para a agilidade, controle postural e coordenação manual não foram observadas diferenças. Com base nestes resultados, podemos inferir que o programa de intervenção propiciou melhora na capacidade de leitura e nomeação rápida. Apesar destes dados preliminares, intervenção sensório-motora, com atividades motoras gerais e de movimentos oculares, pode constituir importante ferramenta para facilitar a leitura de crianças com transtorno de aprendizagem.