Para as mulheres, a mobilidade ativa por bicicleta diz respeito aos signos de liberdade, política e educação na ocupação compartilhada das vias públicas, porém, há barreiras culturais geradoras de vulnerabilidade para habitar esses espaços públicos. O objetivo desta investigação foi de compreender os processos educativos vivenciados por mulheres cicloativistas na promoção da bicicultura. Quanto aos procedimentos metodológicos, para a coleta de dados foi empregada a técnica de entrevista semi-estruturada e a abordagem qualitativa da análise do fenômeno situado composta da análise ideográfica e nomotética, para apresentar as experiencias de cinco mulheres líderes cicloativistas em Santiago de Chile. Como critérios de seleção das entrevistas: a) a condição de ser mulher cicloativista; b) participar ativamente em organizações sociais ou acadêmicas; c) desenvolver projetos político-pedagógicos com bicicletas. As mulheres selecionadas foram as seguintes: duas diretoras das organizaçoes Bicicultura e Muevete Santiago, duas professoras que trabalham respectivamente nos campos da saúde pública na Facultad de Ciencias Médicas da Universidad de Santiago de Chile (USACH) e urbanismo no Departamento de Ingeniería de Transporte y Logística da Pontificia Universidad Católica de Chile (PUC-CH) e uma gestora da empresa de cicloentregas Panteras. Este trabalho apresenta parte dos resultados desta pesquisa, especificamente, a categoria temática “Pedalar com segurança na cidade composta das unidades de significa: 1) Planejamento urbano equitativo: infraestrutura cicloviária, fiscalização da velocidade viária e diminuição de estacionamentos de bens privados em via pública para desincentivo do uso do automóvel; 2) Percepção da mulher ciclista: medo do transito como impedimento para pedalar, capacidade de “ler” o transito para evitar acidentes e incentivar as meninas a praticar atividade física para melhorar suas capacidades cognitivas; 3) Educação para o uso da bicicleta: ensinar as mulheres a pedalar com foco na destreza física e técnica de mecânica para autonomia individual, necessidade de políticas públicas que facilitem a vida da mulher, a exemplo do projeto Rutas Bacanes e a criação de espaços de mecânica colaborativa ao reunir mulheres para compartilhar saberes. Consideramos que a emergência do discurso feminino cicloativista chileno sobre o ciclismo urbano, busca integrar diversos atores sociais para ampliar a discussão sobre a mobilidade ativa por bicicleta nos estabelecimentos educacionais de ensino básico e superior e na agenda pública da política municipal e que esta prática social influencie na convivência viária “motorista-ciclista-pedestre” no sentido de ampliar os diálogos cidadãos na vida social desta metrópole