Esta apresentação focará no trabalho de campo que fez parte de minha pesquisa de mestrado, a qual pretendeu lançar o olhar na direção dos processos de form(ação) de focalizadores(as) de Danças Circulares Sagradas (DCS) no Brasil. A DCS é uma prática de dança vivenciada em roda. Essa disposição circular gera um campo de intensificação que afeta as pessoas tanto em nível subjetivo quanto coletivo. É neste contexto intensivo que se evidencia a figura do(a) focalizador(a), como aquele(a) que não só conduz a roda, mas que também tem a função de “colocar e sustentar o foco”, isto é, de contribuir na intensificação desta experiência expressiva. Nesta perspectiva, buscou-se observar possíveis ressonâncias entre a experiência corporal e coletiva instalada nessa prática e os processos de subjetivação desses(as) focalizadores(as). Como referencial teórico de partida, buscou-se pela estilística da existência, em Foucault, para ajustar o olhar investigativo na direção das práticas que intensificam nossa experiência de si, elaborando modos de ser e agir no mundo. Para tanto, perguntou-se: como a dinâmica relacional das DCS pode oferecer espaços potentes de encontro com as forças que intensificam nossa experiência de si? Como a prática das DCS pode mobilizar os processos form(ativos) dos focalizadores de DCS? Na dimensão dos procedimentos, procurou-se inspiração na Cartografia – no âmbito das pesquisas-intervenção – para realizar oito entrevistas com focalizadores(as) no Brasil. A partir das entrevistas, revisitou-se as experiências vividas pelos(as) focalizadores(as) participantes para pensar como o cultivo, a entrega e a plena disposição junto às DCS oferecem espaços potentes de intensificação da experiência de si, nas relações que se estabelecem entre o próprio corpo, o espaço e os outros na dinâmica da dança feita em roda. Para evidenciar esse domínio analítico imerso nos diferentes níveis de relacionamento corporal, recorreu-se aos estudos da expressividade, em Laban, o que oportunizou a composição de inflexões acerca do corpo em movimento constituídas entre a dimensão das sensibilidades e a dimensão do sagrado. Essa composição abriu caminho para a visualização de uma certa estilística da existência, que aqui estamos chamando de form(ação), só tangível pelos(as) focalizadores(as) na intensificação dessas dinâmicas relacionais em curso ao longo de seus processos form(ativos). Sendo assim, podemos dizer que existe uma relação existencial do(a) focalizador(a) de DCS com o cultivo dessa prática, a qual se estabelece na relação consigo mesmo(a), com o espaço e com o outro, de tal maneira que o cultivo dessa prática reverbera em sua forma de ser e agir no mundo. Isso significa dizer que a busca por ser um(a) focalizador(a), enquanto parte de seu processo form(ativo), se confunde com o seu processo de subjetivação, enquanto pessoas que se envolvem existencialmente com as DCS.