Historicamente, o atual Componente Curricular de Ensino Religioso possui um lugar privilegiado no sistema público de ensino brasileiro. Carrega consigo toda a história da aniquilação de Pindorama e a construção do Brasil, assim como, produziu, de modo explícito, os extremismos cristãos nas salas de aula. Apesar de observarmos mudanças significativas no âmbito legal, didático e pedagógico a partir dos anos de 1970, os discursos produzidos sobre o componente serviram mais como adaptação ao sistema público, pois não alterou a identidade colonial que o sustenta na educação pública do país. Com base em um levantamento bibliográfico, objetivamos criticar, neste trabalho, o descaso do Ensino Religioso com as religiões e sistemas de crenças africanos e afrodescendentes. Para tanto, apresentamos a história do referido Componente Curricular na educação pública brasileira e qual o tratamento que ele conferiu às religiões negras. Partimos da constatação de que o Ensino Religioso tem uma identidade colonial que é responsável por inúmeras formas de violência contra os/as negros/as. Entendemos que o problema não põe em evidência apenas o etnocentrismo ou a intolerância religiosa, mas sim o racismo religioso, que tem o epistemicídio como um dos principais arcabouços que mantém a sua estrutura enquanto propagadores de hierarquizações e desigualdades nos alicerces do currículo, da identidade e da prática pedagógica ligada ao componente. A caráter de considerações finais, propomos um abalo na estrutura do Ensino Religioso com ênfase no antirracismo nos currículos e na práxis pedagógica, sendo ligado à formação inicial, à formação continuada ou permanente e ao ensino superior.