Este texto resulta de investigação sobre os trabalhos de pesquisadores dos Centros Regionais de Pesquisas Educacionais de São Paulo e Recife, nos anos de 1950-1960, sob a direção de Anísio Teixeira no INEP e no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, período democrático marcado por iniciativas voltadas à modernização do país, difusão da cultura urbana e aposta na educação como fator de desenvolvimento nacional. Por meio de pesquisa documental e bibliográfica, procedemos à análise dos trabalhos desenvolvidos, sobretudo por Florestan Fernandes e Antônio Cândido, no CRPE de São Paulo e por Paulo Freire no CRPE de Recife, Centros ligados às universidades, com iniciativas voltadas à institucionalização da sociologia da educação e à visão social das questões educacionais. Buscamos verificar o conceito de cultura e educação popular e a contribuição da pesquisa e da universidade para a emancipação das classes populares, na acepção dos autores mencionados, à luz das ideias de Raymond Williams, em especial de seu conceito multidimensional de cultura e de sua concepção do papel social da universidade e da atuação extramuros dos professores universitários, na perspectiva da universidade democrática. Verificamos que há muitos pontos de aproximação entre as formulações de educadores brasileiros que atuaram nos Centros Regionais de Pesquisas e o referencial teórico presente na obra de Williams. Destacamos a percepção da relação existente entre rendimento escolar e condições socioeconômicas das crianças periféricas, entre dificuldades oriundas das diferenças entre a cultura urbana, que prevalecia nas escolas, com referências das classes de maior renda e a cultura rural, característica de amplas parcelas das crianças com defasagem no aprendizado e a defesa do trabalho acadêmico voltado para a democratização do acesso à educação pública de qualidade, em interação com movimentos sociais.