Podemos observar historicamente o surgimento do tema direitos humanos no cotidiano da nossa sociedade. Foi com a Declaração Universal dos Direitos Humanos que se originou o marco básico para as ações concretas contra os conflitos globais da época assim como as condições subumanas que algumas populações se encontravam. Apesar de o Brasil ter aderido às diretrizes da ONU desde seu início, o país vivenciou de 1964 a 1985, um regime político ditatorial que violou os direitos civis de toda a população. Como consequência da política então vigente, ocorreram várias tentativas de denúncias sobre violações dos direitos humanos, como exemplo, torturas, assassinatos e desaparecimentos que até os dias atuais não foram resolvidos. Através das reivindicações da população brasileira e a materialização da Constituição de 1988, o Brasil começa um processo de reconhecimento e incorporação jurídica dos direitos humanos. A partir desse marco histórico podemos observar alguns avanços institucionais e o desenvolvimento de políticas públicas que buscam ajudar a concretização dos direitos da população. Nesse contexto de luta por direitos não podemos nos privar de refletir sobre a realidade da mulher negra na sociedade atual que alude pensar que ela está marcada por um longo processo de discriminação e exclusão sendo estes reflexos de uma sociedade patriarcal marcada pelo racismo na qual se estabelece um triplo sistema de dominação (patriarcal-racista-capitalista). Essa situação dimensiona a mulher negra para a base da pirâmide social, excluindo-a do acesso aos direitos humanos. O objeto dessa pesquisa é a mulher negra jovem que está detida no sistema carcerário. Através de pesquisa bibliográfica, identificamos que ainda são poucos os trabalhos que dão ênfase a essa população e suas demandas específicas. Demonstra-se assim a importância tanto teórica como empírica do aprofundamento dessa temática, possibilitando a partir das novas reflexões dessa realidade uma possível mudança nas condições de vidas desse segmento. A presente investigação, que possui um viés qualitativo, procurará identificar a interface das Políticas Públicas de ressocialização que leve em consideração as temáticas de gênero, raça e direitos humanos. Os métodos utilizados serão levantamento bibliográfico, entrevistas e as historias de vida anteriormente coletadas pela mesma pesquisadora na sua pesquisa de TCC. Tendo em vista a singularidade desta temática, a presente investigação tem o compromisso com as novas demandas estabelecidas que estimulem os novos recursos de representações nas políticas públicas. Assim refletem-se os novos caminhos da organização dos sujeitos de direitos e suas lutas, além de contribuir para os estudos de raça, gênero e Direitos Humanos.