A formação e a profissionalização docente são temas há muito discutidos, debatendo-se a necessidade e a importância da formação e os aspectos acerca do status de profissão – em oposição a uma noção de “vocação”, por exemplo – que a prática docente deveria assumir. Dados do Censo Escolar, porém, denunciam que ainda há um descompasso entre o que se deseja e a realidade. De acordo com os dados de 2021, nenhuma das disciplinas do Ensino Médio conta com o índice de formação adequada superior a 85%. A pior entre elas é a Sociologia, foco deste trabalho, com pouco mais de 40% das turmas sendo regidas por professores com formação adequada. Isto posto, o objetivo deste artigo é fazer uma breve análise desse cenário a partir de dois aspectos: como a formação inicial adequada, ou a falta dela, influencia na formação da identidade docente; e como a falta de formação adequada representa um obstáculo na consolidação da docência em Sociologia como uma profissão no sentido sociológico do termo. Para isso, utilizaremos dados a respeito dos professores de Sociologia do estado de Pernambuco; as proposições de Pimenta (1999) e Tardif (2017) sobre a construção dos saberes e da identidade docentes; os trabalhos de Haguette (1991), Rodrigues (2002) e Lima (2017) para pensar a profissionalização docente e as elaborações da Sociologia das Profissões; e os trabalhos de Bodart (2017), Zarias, Ferreira e Fusco (2017) entre outros para pensar as especificidades da sociologia e de seus professores. Ainda que esse trabalho foque na docência em Sociologia, o que esperamos é apresentar algumas contribuições para compreender e analisar o cenário da formação dos docentes de forma geral, apresentando como a falta de formação adequada e o entendimento do senso comum e do Estado acerca disso dificultam a valorização da docência como profissão.