Artigo Anais do VIII Seminário Corpo, Gênero e Sexualidade, IV Seminário Internacional Corpo, Gênero e Sexualidade e IV Luso-Brasileiro Educação em Sexualidade, Gênero, Saúde e Sustentabilidade

ANAIS de Evento

ISBN: 978-65-86901-66-5

“GLADIADORAS DE SAIA”: O PROTAGONISMO DE MULHERES CAPOEIRAS EM BELÉM DO PARÁ NO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX

Palavra-chaves: MULHER CAPOEIRA, REPÚBLICA PARAENSE, CÓDIGO PENAL DE 1890, , Comunicação Oral (CO) ET 30 - Práticas Corporais: Diálogos com Gênero, Corpo e Sexualidade
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Publicado em 19 de outubro de 2022

Resumo

O PRESENTE TRABALHO ANALISA A ATUAÇÃO DAS MULHERES ENVOLVIDAS NA PRÁTICA DA CAPOEIRA EM BELÉM DO PARÁ NO CONTEXTO DO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX. DESSA FORMA, ESTE TRABALHO POSSUI COMO OBJETIVO GERAL VERIFICAR AS AÇÕES DE MULHERES CAPOEIRAS NO ESPAÇO URBANO DE BELÉM NO CONTEXTO MENCIONADO ACIMA, FRENTE AO MODELO DE COMPORTAMENTO FEMININO PROPOSTO PELAS POLÍTICAS CONTIDAS NO PERÍODO REPUBLICANO. OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS ESTÃO BASEADOS NA OBSERVAÇÃO DA QUESTÃO RACIAL PRESENTE NOS ESPAÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS; AS PUNIÇÕES FEITAS ÀS MULHERES CAPOEIRAS; O TRABALHO DESENVOLVIDO POR ELAS E COMO SE DAVA A SUA PRESENÇA NO AMBIENTE DA REPÚBLICA. ESTE TRABALHO É UMA PESQUISA QUALITATIVA, UTILIZANDO O PROCEDIMENTO TÉCNICO DE ANÁLISE DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICA, SENDO FEITAS ANÁLISES DE RELATOS JORNALÍSTICOS, A EXEMPLO, A CONSTITUIÇÃO (1876), A SEMANA (1890), DIÁRIO DE NOTÍCIAS (1893) E O JORNAL FOLHA DO NORTE (1911), FRISANDO QUE NO PERIÓDICO A CONSTITUIÇÃO DO ANO DE 1876, SOBRE O TÍTULO “QUE MULHER CAPOEIRA”, FOI EVIDENCIADO O CASO DE JERONYMA, UMA MULHER NEGRA QUE FOI ESCRAVIZADA E QUE ERA CAPOEIRA, SENDO A PRIMEIRA MULHER CAPOEIRA ENCONTRADA NOS RELATOS JORNALÍSTICOS DA ÉPOCA NO PARÁ. DESSA FORMA, ESSA TEMÁTICA PODE PARECER ALGO DIFÍCIL DE PENSAR NO CONTEXTO DA REPÚBLICA PARAENSE, PELO MOTIVO DE SER UMA REGIÃO POUCO FALADA SOBRE A SUA ASSOCIAÇÃO COM A CAPOEIRA EM ÂMBITO NACIONAL, COMO FOI O CASO DE CIDADES COMO RIO DE JANEIRO E BAHIA. TODAVIA, A REGIÃO NORTE DO PAÍS POSSUI OS RELATOS MAIS ANTIGOS, ATÉ ENTÃO O CATALOGADO DA ATUAÇÃO DE MULHERES ASSOCIADA A CAPOEIRA (LEAL, 2009, P. 138). ALÉM DOS JORNAIS, SÃO VERIFICADOS OS CÓDIGOS DE POSTURA E O CÓDIGO PENAL DE 1890 QUE CRIMINALIZA A CAPOEIRA NO BRASIL. LOGO, AS AÇÕES DESEMPENHADAS PELAS MULHERES NOS ESPAÇOS PÚBLICOS, COMO O TRABALHO NO MERETRÍCIO E O ENVOLVIMENTO NA CAPOEIRAGEM, ERAM PRÁTICAS CONSIDERADAS SEGUNDO O PODER PÚBLICO DA ÉPOCA COM LIGAÇÕES DIRETAS COM A VAGABUNDAGEM E A DESORDEM PÚBLICA, PORTANTO CONSIDERADAS PERIGOSAS PARA OS ESPLENDORES MORAIS DA CIDADE SUGERIDAS PELAS CAMADAS PRIVILEGIADAS QUE ALMEJAM O PROGRESSO E A CIVILIZAÇÃO. DESSE MODO, O TRABALHO FAZ UMA ABORDAGEM ENVOLVENDO AUTORES COMO VICENTE SALLES (2015) E AUGUSTO LEAL (2008,2009) PARA DESENVOLVER O DEBATE EM TORNO DA HISTÓRIA SOCIAL DA CAPOEIRA NO PARÁ REPUBLICANO, ONDE OS MESMO SÃO PRECURSORES NAS PESQUISAS ENVOLVENDO A CAPOEIRA NO NORTE DO BRASIL, DANDO VISIBILIDADE PARA A TEMÁTICA, APONTANDO HOMENS E MULHERES ENVOLVIDOS NA CAPOEIRA COMO SUJEITOS HISTÓRICOS E SOCIAIS. ALÉM DA UTILIZAÇÃO DE AUTORAS FEMINISTAS COMO MICHELLE PERROT (2003), BELL HOOKS (2014), IZILDINHA NOGUEIRA (1998), PAULA FOLTRAN (2017), ENTRE OUTRAS QUE SÃO APORTE TEÓRICO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS DE GÊNERO E DO FEMINISMO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS NARRATIVAS ENVOLVENDO AS MULHERES NA CAPOEIRA. REALIZANDO DESSE MODO, O PROCESSO DE RECONSTRUÇÃO DAS NARRATIVAS DE MULHERES LIGADAS À CAPOEIRAGEM. ESSA PRÁTICA, POR MUITO TEMPO FOI VISTA, ASSIM COMO O ESPAÇO DAS RUAS, COMO ALGO RESTRITO AO “UNIVERSO MASCULINO”, TODAVIA ESSA IDEIA NÃO CONDIZ COM A REALIDADE, POIS HAVIA MULHERES QUE VIVERAM NESSE CONTEXTO EM BELÉM ENVOLVIDAS COM A PRÁTICA DA CAPOEIRA E FORAM NOTICIADAS NOS PERIÓDICOS DA ÉPOCA, SENDO ELAS SUJEITAS ATIVAS E ATUANTES DE VÁRIAS ATIVIDADES E NO EXERCÍCIO DA CAPOEIRA EM ESPAÇOS NÃO DOMÉSTICOS. PORTANTO, OS RESULTADOS ALCANÇADOS COM A PRESENTE PESQUISA AVALIAM QUE AS EXPERIÊNCIAS DAS MULHERES CAPOEIRAS NAS RUAS DE BELÉM REVELARAM AS PRÁTICAS SOCIAIS E AS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA QUEBRANDO TOTALMENTE COM AS CONDUTAS QUE FORAM DIRIGIDAS A ELAS SOBRE UM PADRÃO DE COMPORTAMENTO, SEUS CORPOS FORAM UM DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS DE RESISTÊNCIA EM MEIO A ESSA SOCIEDADE. NESSE VIÉS, CONTAR A HISTÓRIA DESSAS PARAENSES DAS CAMADAS POPULARES DA CIDADE DE BELÉM ENVOLVIDAS NA CAPOEIRA, QUE FORAM EXCLUÍDAS POR MUITO TEMPO DOS RELATOS HISTÓRICOS, EVIDÊNCIA A CONSTRUÇÃO E O FORTALECIMENTO DESSA PRÁTICA CULTURAL AFRO-BRASILEIRA QUE É A CAPOEIRA. DESTA FORMA, VICENTE SALLES (2015) AFIRMOU QUE O NEGRO UTILIZOU O CORPO COMO UM ELEMENTO DE CONQUISTA E DEFESA COM A PRÁTICA DA CAPOEIRA. PORTANTO, A CAPOEIRAGEM NO PARÁ POSSUI MULHERES ATUANTES DESDE O SÉCULO XIX QUE PARTICIPARAM AO LONGO DO TEMPO NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRICA E SOCIAL DA CAPOEIRA, MOSTRANDO O QUANTO A FORÇA DAS MULHERES NEGRAS RESISTIRAM ÀS MAZELAS SOCIAIS ÀS QUAIS FORAM SUBMETIDAS.

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