Este trabalho tem como objetivo abordar como a inclusão de jovens mulheres na formação técnica agrícola, no ano de 1973, possibilitou a construção de outras identidades de gênero. A temporalidade de estudo escolhida decorre do ano de 1973 a 1975, período pelo qual fora implantado o curso técnico em Agropecuária no Colégio Técnico Agrícola Assis Chateaubriand de Lagoa Seca – PB, e formada a primeira turma do referido curso. Do mesmo modo, fora também na década de 1970 um momento de grandes mudanças em relação à participação das mulheres em diferentes lugares sociais, até então restritos aos homens. Tomamos como objeto de estudo duas ex-alunas: Neuza dos Anjos e Glória Maria Sônia de Araújo Silva, da instituição supracitada, objetivando conhecer as subjetividades de gênero que cercavam estas jovens, assim como visando conhecer o processo construtivo de suas novas identidades plurais de gênero. Utilizamos como metodologia a análise da documentação escolar contida no arquivo da escola, em especial, as fichas de matrículas e os diários de registros das aulas do ano de 1973. Deste modo, construímos fontes orais a partir da realização de entrevistas com as referidas ex-alunas em conjunto com a análise de aportes teóricos condizentes aos estudos de gênero, apoiando-se, maiormente nas contribuições de Guacira Lopes Louro (2010). Logo, no decorrer da pesquisa verificou-se que a instituição atuou na quebra de barreiras entre o espaço privado (feminino) e o espaço público (masculino), permitindo assim a inclusão de gêneros em espaços anteriormente divididos dicotomicamente por uma dada cultura social patriarcal ocidental.