O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA representou um grande avanço, porque trouxe mudanças relevantes no que diz respeito à abordagem do setor público sobre esse grupo na luta pelos direitos. A partir desses avanços foi construída uma nova perspectiva e visão de políticas de proteção, caracterizada pelo respeito e promoção de direitos da criança, sem distinção de nenhuma ordem. Neste contexto, destaca-se como ponto fundamental, para o avanço das efetivações de direitos, a articulação entre a política da assistência social com a política da educação, uma vez que, muitos dos problemas sociais enfrentados por famílias que têm filhos em instituições de acolhimento poderiam ser superados com um forte investimento e boa mediação entre a política da assistência e a política da educação, ajudando a construção da autonomia, a construção de um projeto de vida, da consciência política e cidadã e a superação das condições sociais e econômicas desfavoráveis das crianças e adolescentes e suas famílias. A importância da articulação intersetorial está presente nas Orientações Técnicas para Instituições de Acolhimento, documento elaborado para regulamentar e organizar, no território nacional, os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes. Assim, as Orientações Técnicas para Instituições de Acolhimento prescrevem a manutenção de comunicação permanente da instituição de acolhimento com as escolas onde as crianças e os adolescentes estejam matriculados. Este estudo tem como objetivo analisar concepções de crianças e adolescentes em acolhimento institucional e de seus professores sobre desempenho escolar e a articulação entre instituição de acolhimento e escola. Para atingir este objetivo participaram deste estudo 18 crianças em acolhimento institucional e 07 professores que lecionam para as mesmas. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas. As entrevistas foram analisadas através da análise de conteúdo. Nos resultados encontrados as crianças relataram pouco entenderem o que os professores ensinam, que contam com a ajuda dos colegas, ou da “cola” para lidarem com a falta de aprendizagem e que não conseguem estudar. Os professores apresentam em seus discursos que os alunos são desinteressados, têm problemas afetivos, não conseguem prestar atenção, apresentam muitas dificuldades nos componentes curriculares e não entregam os trabalhos. Os professores também dizem que algumas crianças e adolescentes são independentes, determinados, organizados e tem um desempenho regular. Os professores mencionam várias formas de atividades que desenvolvem com as crianças e adolescentes. Em relação a articulação entre instituição de acolhimento e escola os professores falam que ocorre indiretamente, através da direção, ou quando a instituição é chamada, alguns professores dizem que as vezes se comunicam com a pedagoga da instituição e outros que nunca ocorreu a comunicação entre as instituições. Os resultados apresentam uma dificuldade da escola de um trabalho inclusão através da construção de um processo de aprendizagem para as crianças e adolescents em acolhimento institucional, assim como, uma frágil articulação entre a instituição de acolhimento e escola. Assim observou-se pouca repercussão do trabalho dessas instituições sobre o espaço dado a crianças e adolescents como sujeitos singulares e de direitos.