O DISTRITO CHAMADO SIRIJI, NO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE FÉRRER, COM APROXIMADAMENTE SEIS MIL HABITANTES, FICA A 120 KM DA CAPITAL PERNAMBUCANA. APESAR DA PROXIMIDADE FÍSICA COM A REGIÃO METROPOLITANA, A FORTE CULTURA TRADICIONAL E UMA PROXIMIDADE RELATIVA ENTRE OS HABITANTES RESULTA EM ALGUMAS DIFICULDADES, DENTRE ELAS: FUGIR DA OPRESSÃO PRODUZIDA POR PADRÕES IMPOSTOS E HEGEMÔNICOS DE MASCULINIDADE E DA ORDEM CISHETERONORMATIVA. ISSO IMPLICA, ENTÃO, NO SILENCIAMENTO DE TEMÁTICAS, IDENTIFICAÇÃO E ESPAÇOS QUE POSSAM SER RECONHECIDOS COMO LUGARES PARA PESSOAS LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRANSGÊNEROS, TRANSEXUAIS E TRAVESTIS (LGBT), PRODUZINDO MORTES SUBJETIVAS, SOCIAIS E, TAMBÉM, FÍSICAS. O OBJETIVO DO NOSSO TRABALHO TEM SIDO PRODUZIR NARRATIVAS SOBRE VIVÊNCIAS SEXO-DISSIDENTES NESSE CENÁRIO, CONSIDERANDO COMO REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO AS CONVERSAS DO COTIDIANO COMO PRÁTICAS DISCURSIVAS, A PARTIR DE UMA ORIENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DOS ESTUDOS EM PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA, EMBASADOS EM UMA PERSPECTIVA (PÓS)CONSTRUCIONISTA SOCIAL. DESSA MANEIRA, OS EIXOS EMERGENTES DIZEM RESPEITO À (1) INSEGURANÇAS E PERIGOS NA AUTOAFIRMAÇÃO COMO SUJEITO LGBT NO CONTEXTO INTRA E EXTRA FAMILIAR; (2) INEXISTÊNCIA DE COALIZÕES ENTRE AS (POUCAS) PESSOAS (QUE SE AUTOAFIRMAM) DA PRÓPRIA COMUNIDADE, IMPOSSIBILITANDO A ORGANIZAÇÃO DE UM COLETIVO/MOVIMENTO SOCIAL; (3) DIFICULDADES PARA EXERCER PRÁTICAS AFETIVO-SEXUAIS, TANTO PELA AUSÊNCIA DE ESPAÇOS, QUANTO PELA CARÊNCIA DE PESSOAS QUE SE AUTODECLAREM LGBT, O QUE RESSOA EM ENVOLVIMENTOS COM HOMENS QUE SE AUTODECLARAM HÉTEROS (INCLUSIVE CASADOS, NAMORANDO OU SOLTEIROS). EM LINHAS GERAIS, AS VIVÊNCIAS DOS INDIVÍDUOS SEXO-DISSIDENTES, NESSE CENÁRIO, PERMEIAM GESTÕES DE SEGREDOS E PRODUÇÃO E NEGOCIAÇÃO DE VERDADES (I)LEGÍTIMAS E “SECRETAS”.