A CRIANÇA QUE TEVE SUA PRIMEIRA INFÂNCIA CONSTITUÍDA A PARTIR DE UMA PALAVRÕES E INSULTOS, QUE VARIAVAM DO MACHO-FEMEA, MARIA-SAPATÃO À PALAVRAS IMPRONUNCIÁVEIS, SABE O QUE SIGNIFICA CONSTITUIR-SE PELA RESISTÊNCIA E TER QUE INVENTAR CAMINHOS PARA UMA VIDA POSSÍVEL. REAFIRMO QUE NÃO PROCUREI PELA MILITÂNCIA OU PELO ATIVISMO, NO ENTANTO, DESDE CEDO A LUTA POR DIREITOS ESTEVE PRESENTE COMO UMA CONDIÇÃO SINE QUA NON. SER UM ADOLESCENTE TRANS NA PERIFERIA DA CAPITAL DO PAÍS ME TROUXE PREOCUPAÇÕES PARA ORDEM DO DIA: ENFRENTEI TODA RESISTÊNCIA E GAMBIARRAS PARA UTILIZAR MEU NOME SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES E MIGREI ENTRE ESTADOS À PROCURA DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM SAÚDE. ATRAVÉS DE RELATOS AUTOETNOGRÁFICOS, DISCUTO, ANALISO E PROBLEMATIZO A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE DE HOMEM TRANS NO BRASIL, E COMO, NECESSARIAMENTE, O PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO EM TORNO DE MOVIMENTOS SOCIAIS FOI PRIMORDIAL PARA ME GARANTIR DIREITOS BÁSICOS. COMO PRINCIPAIS DISCUSSÕES LEVANTADAS, ESTE ARTIGO ABORDA A PASSAGEM PELO MOVIMENTO SECUNDARISTA E OS PROIBIDOS CINEDEBATES LGBT NO ENSINO MÉDIO QUE ORGANIZEI, PELO FATO DE TER SIDO O PRIMEIRO HOMEM TRANS A SER MESTRE DE CERIMÔNIA DO CONGRESSO NACIONAL BRASILEIRO, A CONVITE DO ANTIGO EX-DEPUTADO FEDERAL JEAN WYLLYS, ALÉM DAS DIVERSAS AÇÕES ORGANIZADAS ENQUANTO COORDENADOR REGIONAL DO INSTITUTO BRASILEIRO DE TRANSMASCULINIDADES (IBRAT) NO DISTRITO FEDERAL, DENTRE ELES A CONSTITUIÇÃO DO AMBULATÓRIO TRANS DE BRASÍLIA, A COORDENAÇÃO DO PROJETO PILOTO COM A ONU DE UM CURSO DE FORMAÇÃO PARA PESSOAS TRANS E OUTROS EPISÓDIOS NA DIREÇÃO DE COLETIVOS TRANS LOCAIS.