ESTE TRABALHO PRETENDE PERCORRER A OBRA DA ESCRITORA CONCEIÇÃO EVARISTO PARA COMPREENDER DE QUE MANEIRA AS ESCRITAS FICCIONAIS DE AUTORIA NEGRA PODEM ASSUMIR O COMPROMISSO DE RECONSTRUÇÃO DE UMA TERRITORIALIDADE EXISTENCIAL NEGRA. NO CONTO “A GENTE COMBINAMOS DE NÃO MORRER”, PRESENTE EM OLHOS D’ÁGUA, A AUTORA FALA SOBRE O ACORDO DE NÃO MORTE ENTRE MENINOS NEGROS E DE MISTURA DE SANGUES ENTRE MENINAS NEGRAS. HÁ A AFIRMAÇÃO DE QUE A ESCRITA SERIA UMA MANEIRA DE SANGRAR. POR ESSE MOTIVO, BANZO SURGE COMO CONCEITO IMPORTANTE PARA REFLEXÃO SOBRE UMA DOR RACIALIZADA, COMPARTILHADA ENTRE DESCENDENTES DE POVOS AFRICANOS EM DIÁSPORA. A NOSTALGIA MORTAL CAUSADA PELA SEPARAÇÃO DA PESSOA ESCRAVIZADA DE SUA TERRA NATAL, SE REATUALIZA EM SOLO BRASILEIRO PELAS INTERDIÇÕES RACISTAS E DESTERRITORIALIZAÇÕES, DESDE A LEI DE TERRAS, DE 1850 ATÉ O CONTEXTO DE VIOLÊNCIA URBANA NA ATUALIDADE. O TERMO BANZO POSSUI ORIGEM BANTU, COM UMA DE SUAS DERIVAÇÕES DO NOME DA CAPITAL DO ANTIGO REINO DO KONGO – MBANZA KONGO – LUGAR FUNDAMENTALMENTE SAGRADO NA TRADIÇÃO KONGO/BANTU. A PERCEPÇÃO DA ESCREVIVÊNCIA DE CONCEIÇÃO EVARISTO COMO PACTO EXISTENCIAL NEGRO SE SUSTENTA AINDA ATRAVÉS DO CONTRASTE COM O QUE MARIA APARECIDA BENTO CHAMA DE PACTO NARCÍSICO DA BRANQUITUDE PELO SILENCIAMENTO DIANTE DO RACISMO. A LITERATURA COMO RETERRITORIALIZAÇÃO NÃO CORRESPONDE APENAS AO EXERCÍCIO DE UM MEMORIALISMO INVENTIVO, MAS TAMBÉM À BUSCA DE CURA PELA NARRAÇÃO. AS CONTRIBUIÇÕES DE ESTUDIOSAS FEMINISTAS INTERSECCIONAIS COMO GRADA KILOMBA, BELL HOOKS, MEGG RAYARA, BEM COMO A ENUNCIAÇÃO DE DORORIDADE, PROPOSTA POR VILMA PIEDADE, NOS AUXILIAM NA CONSTRUÇÃO DESSE ESTUDO.