Artigo Anais do I CONEIL

ANAIS de Evento

ISBN: 978-65-86901-92-4

O FANTÁSTICO E A URBANIZAÇÃO NO CONTO “O EDIFÍCIO”, DE MURILO RUBIÃO

Palavra-chaves: LITERATURA FANTÁSTICA, MURILO RUBIÃO, URBANIZAÇÃO, ALEGORIA, Comunicação Oral (CO) AT 07: Lugar, origens e cidades em escritas latino-americanas
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Publicado em 17 de novembro de 2020

Resumo

A LITERATURA FANT?STICA ? UM MODO LITER?RIO ANTIGO COM REMINISC?NCIAS NOS CL?SSICOS GREGOS E LATINOS, QUE FOI DEFINIDA E ACADEMICAMENTE RECONHECIDA A PARTIR DA LITERATURA G?TICA DO S?CULO XVIII. O FANT?STICO TRATA DA UNI?O DE ELEMENTOS NATURAIS E SOBRENATURAIS, ELE SE CARACTERIZA POR APRESENTAR O MUNDO TAL COMO CONHECEMOS E, NESSE CEN?RIO, INTRODUZIR UM ELEMENTO QUE CONTRARIE O QUE ENTENDEMOS POR REALIDADE, PONDO O LEITOR EM CONFRONTO COM ESSE FEN?MENO. DIFERENTEMENTE DA EUROPA, QUE NO S?CULO XIX J? TINHA UMA TRADI??O CONSOLIDADA DA LITERATURA FANT?STICA, NO BRASIL, ERA POUCO DIFUNDIDA. A PRIMEIRA REPRESENTA??O S?LIDA DO FANT?STICO EM SOLO BRASILEIRO SURGIU NO S?CULO XX, COM A PUBLICA??O DO LIVRO DE CONTOS O EX-M?GICO (1947), DO ESCRITOR MINEIRO MURILO RUBI?O. EM SEU FAZER FICCIONAL, MURILO RUBI?O PRIVILEGIOU O ESPA?O URBANO, GRANDE PARTE DE SEUS CONTOS SE PASSAM EM CIDADES, POIS, SEGUNDO ELE, A LITERATURA FANT?STICA N?O CONVIVE BEM COM O CAMPO, ELA PRECISA MIGRAR PARA A CIDADE PARA N?O CAIR NA FANTASIA E NO FOLCLORE. ? NA CIDADE, AMBIENTE ENTREGUE A M?QUINA E AO CONSUMO, QUE EST? O ABSURDO DA VIDA E, PARA O AUTOR, A CONVIV?NCIA COM AS MAQUINAS E A TECNOLOGIA J? TEM SEU CAR?TER FANT?STICO. DADAS AS CONSIDERA??ES ACIMA, A PERSPECTIVA METODOL?GICA TRATA-SE DE UMA PESQUISA DE ABORDAGEM QUALITATIVA, DE PROCEDIMENTO BIBLIOGR?FICO. PROCURA-SE, POIS, FAZER UM ESTUDO ACERCA DO ESPA?O URBANO E DO R?PIDO PROCESSO DE URBANIZA??O A PARTIR DA AN?LISE O CONTO ?O EDIF?CIO?, DE MURILO RUBI?O, PUBLICADO NO LIVRO OS DRAG?ES E OUTROS CONTOS (1965). ?O EDIF?CIO? NARRA A HIST?RIA DE JO?O GASPAR, UM ENGENHEIRO REC?M-FORMADO QUE ASSUME O DESAFIO DE CONSTRUIR ?O MAIOR ARRANHA-C?U DE QUE SE TINHA NOT?CIAS? (RUBI?O, 2010, P. 42). ANTES DE ASSUMIR A OBRA, O PROTAGONISTA RECEBE INSTRU??ES DO CONSELHO SUPERIOR DA FUNDA??O E OUVE UMA ANTIGA LENDA QUE ALERTAVA SOBRE UMA CONFUS?O NO MEIO DOS OBREIROS QUANDO O PR?DIO ATINGISSE O OCTINGENT?SIMO ANDAR. TAL COMO FOI PROFETIZADO, QUANDO O PR?DIO CHEGA A 800 ANDARES, H? UMA DISCUSS?O ENTRE OS FUNCION?RIOS E, PARA JO?O GASPAR, O EMPREENDIMENTO HAVIA MALOGRADO, CONTUDO, A OBRA GANHA AINDA MAIS FOR?A. UMA VEZ QUE SE ENCONTRA PRESO NA ROTINA DI?RIA DE TRABALHO, A EUFORIA DO ENGENHEIRO D? LUGAR AO DES?NIMO E A CRISES DE ANSIEDADE. AP?S PERCEBER QUE A CONSTRU??O DO INFIND?VEL ARRANHA-C?U ? UM TRABALHO SEM SENTIDO, O HER?I TENTA P?R UM FIM A OBRA E DEMITIR OS FUNCION?RIOS MAS, ELES J? N?O ACATAM SUA ORDEM, E PASSAM A DEDICAR TODO O TEMPO A CONSTRU??O, INCLUINDO NOITES E FINAIS DE SEMANA, SEM EXIGIREM PAGAMENTO ADICIONAL. O ABSURDO TORNA-SE AINDA MAIOR QUANDO SURGEM VOLUNT?RIOS, ?VINHAM CANTANDO, SOBRA?ANDO AS FERRAMENTAS, COMO SE PREPARADOS PARA LONGA E ALEGRE CAMPANHA? (RUBI?O, 2010, P. 66). O CONTO TERMINA COM O PR?DIO A GANHAR CADA VEZ MAIS ALTURA. NESTE CONTO, RUBI?O FAZ REFER?NCIA AOS GRANDES PR?DIOS E AS CIDADES QUE A CADA DIA EST?O CRESCENDO VERTICALMENTE. OS OPER?RIOS REPRESENTAM ALEGORICAMENTE A PR?PRIA CONDI??O AUTOMATIZADA DA SOCIEDADE MODERNA, ELES N?O CONSEGUEM PARAR O ANDAMENTO DO PR?DIO PORQUE S?O V?TIMAS DE PROCESSOS QUE ELES N?O CONTROLAM E SEQUER COMPREENDEM, N?O CONSEGUEM ESCAPAR OU ALTERAR O PR?PRIO DESTINO, POIS J? EST?O MECANIZADOS NESTE PROCESSO DE CONSTRU??O, RESTANDO APENAS RESINAR-SE AOS DES?GNIOS QUE LHES FORAM IMPOSTOS. DESCRENTE EM RELA??O ? SOCIEDADE MODERNA, RUBI?O VAI TRA?AR UM PERFIL PESSIMISTA PARA SEUS PERSONAGENS, EM SUA MAIORIA SER?O INDIV?DUOS SUBMISSOS, SOLIT?RIOS E INFELIZES, QUE DIFICILMENTE ALCAN?AM SEUS OBJETIVOS. NO ENTANTO, ESSE PESSIMISMO N?O ? GRATUITO, O AUTOR UTILIZA DOS ELEMENTOS INS?LITOS PARA FAZER COM QUE O LEITOR REFLITA SOBRE OS DIVERSOS DILEMAS QUE ASSOLAM A SOCIEDADE MODERNA, COMO A BUROCRACIA, O T?DIO, A OBJETIFICA??O DO SER HUMANO, O TRABALHO ALIENADO, ETC. ASSIM, A OBRA DE MURILO RUBI?O ? MARCADA PELA LINGUAGEM ALEG?RICA, QUE SE TORNA UM MECANISMO FUNDAMENTAL PARA EXPRESSAR A CRITICIDADE E FAZER COM QUE O LEITOR ACESSE SENTIDOS EXTERNOS AO TEXTO, PODENDO PERCEBER, ASSIM, O ABSURDO DA REALIDADE. COMO APORTE TE?RICO, A PESQUISA EST? EMBASADA NAS REFLEX?ES TE?RICAS SOBRE A LITERATURA FANT?STICA DE TZVETAN TODOROV (1997), JAIME ALAZRAKI (2001) E DAVID ROAS (2014); NOS FUNDAMENTOS TE?RICOS SOBRE A ALEGORIA DE WALTER BENJAMIM (1984) E FL?VIO KOTHE (1986); AL?M DE OUTRAS REFER?NCIAS SOBRE MURILO RUBI?O, COMO OS ESTUDOS DE JORGE SCHWARTZ (1981), ALDEMARO TARANTO (1995), MARIA CRISTINA BATALHA (2011), ENTRE OUTROS.

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