ENTRE 2010 E 2011, HOUVE NA CIDADE DE PATOS/PB UMA SÉRIE DE ASSASSINATOS DE TRAVESTIS PRATICADA PELO MESMO AUTOR: UM POLICIAL MILITAR BASTANTE CONHECIDO NA REGIÃO. APENAS UMA DAS CINCO VÍTIMAS CONSEGUIU SOBREVIVER, DE MODO QUE SÓ APÓS QUATRO MORTES REGISTRADAS E UMA TENTATIVA DE HOMICÍDIO É QUE O RÉU FOI PRESO E PROCESSADO. ATÉ HOJE, PORÉM, O AUTOR FOI CONDENADO UNICAMENTE PELO EPISÓDIO DA TENTATIVA DE HOMICÍDIO. TOMANDO POR BASE O ESTUDO DESSE CASO, ESTE TEXTO PROCURA INVESTIGAR AS FUNÇÕES NÃO DECLARADAS DO PROCESSO PENAL ENQUANTO EXERCÍCIO DO GÊNERO, FUNÇÕES OBSERVADAS NO TRATAMENTO RESERVADO À VÍTIMA SOBREVIVENTE E ÀS TESTEMUNHAS TRAVESTIS PELOS AGENTES DO ESTADO. A NEGAÇÃO DA IDENTIDADE DE GÊNERO DAS PERSONAGENS E O ENQUADRAMENTO DELAS COMO “HOMOSSEXUAIS” (EM VEZ DE TRAVESTIS OU MULHERES TRANS) MARCAM TODO O TRÂMITE PROCESSUAL. DO PONTO DE VISTA TEÓRICO, PARA COMPREENDER TAL FENÔMENO, UTILIZO A CATEGORIA DE DISPOSITIVO DE PODER TAL COMO ELABORADA POR MICHEL FOUCAULT, A FIM DE LANÇAR LUZ SOBRE AS FORMAS QUE O ESTADO (ATRAVÉS DO PROCESSO PENAL) REGULAM E PRODUZEM O GÊNERO.