INTRODUÇÃO
COMPREENDEMOS QUE AS RELAÇÕES ENTRE A LINGUAGEM E O MEIO SOCIAL NO QUAL O ALUNO ESTÁ INSERIDO, ?, SEM DÍVIDA, ALGO INDISSOCI?VEL. POR ISSO, DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR, SOBRETUDO NAS AULAS DE LÍNGUA, O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS ? FUNDAMENTAL, JÁ QUE ISTO ? ALGO QUE O CERCA O TEMPO INTEIRO NA SUA VIDA COTIDIANA.
E UMA DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA, DE ACORDO COM A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC, 2017) ? LER, ESCUTAR E PRODUZIR TEXTOS ORAIS, ESCRITOS E MULTISSEMIÁTICOS, QUE CIRCULEM EM DIFERENTES CAMPOS DA ATUAÇÃO E MÍDIAS, COM COMPREENSÃO, AUTONOMIA, FLUÊNCIA E CRITICIDADE, DE MODO A SE EXPRESSAR E PARTILHAR INFORMAÇÕES, EXPERIÊNCIAS, IDEIAS E SENTIMENTOS, DE MANEIRA QUE O ALUNO POSSA AO LONGO DE TODAS ESSAS ETAPAS, CONTINUAR APRENDENDO.
ASSIM, SABENDO DA IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR COM OS GÊNEROS TEXTUAIS EM SALA DE AULA, NOS FUNDAMENTAMOS NOS APORTES TEÓRICOS DE PEREIRA (2010), SOUZA (2014), SILVA ET AL (2017) ENTRE OUTROS E DESENVOLVEMOS O PROJETO AQUI APRESENTADO, EM UMA TURMA DE 8º ANO, ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA PROPORCIONADA PELO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA (COTA -2018- 2020), DO CURSO DE LETRAS-PORTUGUÊS/UEPB/CAMPUS I. TAL PROJETO TEVE COMO TEMÁTICA O CENTEN?RIO DE JACKSON DO PANDEIRO, ARTISTA PARAIBANO, CONHECIDO COMO O ?REI DO RITMO? E EM ESPECIAL, O TRABALHO COM O GÊNERO TEXTUAL CORDEL, NA TURMA CITADA ACIMA (ALUNOS COM FAIXA ET?RIA ENTRE 13 A 15 ANOS), COM O FIM DE SER SOCIALIZADO NA AMOSTRA PEDAGÓGICA, DE UMA ESCOLA MUNICIPAL NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE PB, CONFORME DETALHADO A SEGUIR.
INICIAMOS NOSSA EXPERIÊNCIA, SEGUINDO A PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA, APRESENTADA POR DOLZ, NOVERRAZ E SCHNEUWLY (2004). INICIALMENTE, DISCUTIMOS SOBRE A ORIGEM DO CORDEL E COMO ELE ? TÃO PRESENTE NA NOSSA CULTURA. PARA SOUZA (2014), A LITERATURA DE CORDEL ? ALGO INERENTE A NOSSA CULTURA E CONQUISTA A ATENÇÃO DE TODOS PELO FATO DE CARREGAR CONSIGO UMA DAS VARIANTES LINGUÍSTICAS PRÓPRIAS DO DISCURSO DO HOMEM NORDESTINO/CAMPON?S, BEM COMO A AUSÊNCIA DESSA LITERATURA NOS LIVROS DIDÁTICOS E, CONSEQUENTEMENTE EM SALA DE AULA.
PARA TANTO, REALIZAMOS VÁRIAS RODAS DE CONVERSAS EM QUE OS ALUNOS DESENVOLVERAM A MODALIDADE ORAL, CONFORME ORIENTAÇÃO DA BNCC (2017); PROVOCAMOS A CRIATIVIDADE POR MEIO DE EXEMPLOS TRAZIDOS PARA AS AULAS, PARTINDO DA PREMISSA DE QUE OS ALUNOS PRECISAVAM INTERAGIR DE MANEIRA FLUIDA E PRAZEROSA COM O GÊNERO PARA NO MOMENTO DA PRODUÇÃO SE SENTIREM SEGUROS. EM DIVERSOS MOMENTOS, HOUVE A SOCIALIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS E PESQUISAS PR?VIAS ACERCA DO GÊNERO E DA NOSSA CULTURA NORDESTINA.
DURANTE ESSA ETAPA, TRABALHAMOS OUTROS GÊNEROS TEXTUAIS COMO MÚSICA, POEMA, NOT?CIA E O PRÓPRIO CORDEL, TUDO PARA QUE PUD?SSEMOS TRANSMITIR AOS ALUNOS NOSSA RIQUEZA CULTURAL, FAZENDO SEMPRE UMA ASSOCIAÇÃO ENTRE A NOSSA CULTURA E A IMPORTÂNCIA QUE JACKSON DO PANDEIRO TEVE PARA ELA. AO MESMO TEMPO EM QUE TRABALH?VAMOS COM OS TEXTOS, TAMBÉM MOSTR?VAMOS O CONTEXTO E O ESPAÇO HISTÓRICO EM QUE ELE HAVIA OCORRIDO, COMO A TEMÁTICA SUGERIA, SEMPRE EXPLORANDO SUA TRAJETÓRIA PESSOAL E HISTÓRICA.
A ETAPA SEGUINTE DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA, A PRODUÇÃO, FOI REALIZADA EM SALA DE AULA, COM O AUXÍLIO DAS RESIDENTES E DA PRECEPTORA. PROPUSEMOS QUE OS ALUNOS PRODUZISSEM A ESCRITA EM EQUIPE, JÁ QUE SE TRATA DE UMA COMPLEXIDADE E EXTENSÃO A QUE ESTAVAM ACOSTUMADOS, O QUE FACILITOU BASTANTE A INTERAÇÃO E PROPICIOU UM MAIOR COMPARTILHAMENTO DE IDEIAS E SABERES.
APÓS A PRIMEIRA PRODUÇÃO, PERCEBEMOS, DE ANTEM?O, O QUANTO ELES TINHAM APRENDIDO SOBRE O GÊNERO, A TEMÁTICA E TUDO QUE HAV?AMOS ABORDADO EM SALA. NÃO QUE TODOS TENHAM OBTIDO ÊXITO, ATÉ PORQUE ESCRITA ? PROCESSO E A PRIMEIRA PRODUÇÃO FOI APENAS UMA DESSAS ETAPAS, ALÉM DO QUE, CADA ALUNO TEM SEU NÍVEL DE APRENDIZAGEM E NÃO DEVEMOS COMO MEDIADORES QUE SOMOS DIMINU?-LOS OU MARGIN?-LOS POR ISTO.
NA CONTINUIDADE, ENTREGAMOS A CADA GRUPO A SUA PRODUÇÃO INICIAL, COM APONTAMENTOS E CORREÇÕES, PEDINDO QUE FOSSE FEITA A REESCRITA, A PARTIR DOS COMENT?RIOS DAS RESIDENTES. SEGUNDO PEREIRA (2010), O NORTE DO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA SE D? ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA NA PRODUÇÃO TEXTUAL E FOI JUSTAMENTE ISTO QUE BUSCAMOS ATRAVÉS DA REESCRITA DOS ALUNOS. NESSE MOMENTO, O PROFESSOR ENTRA E FAZ SUA PARTE COMO MEDIADOR, INCENTIVANDO ESTE ALUNO A PRODUZIR ALGO MELHOR DO QUE ELE FEZ, A DESAFIANDO-O A PRODUZIR ALGO QUE SUPERE A ELE PRÓPRIO. ?A REESCRITA, PORTANTO, DEVE SER ENCARADA COMO PARTE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL, EM QUE O ALUNO ? ESTIMULADO A TRABALHAR AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM APRESENTADAS EM SEU TEXTO, SOB A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR?. (PEREIRA, 2010, P. 182).
NA ETAPA DOS M?DULOS, ESCOLHEMOS TRECHOS DOS VÁRIOS CORD?IS PRODUZIDOS PARA DISCUTIREM E PERCEBEREM EM QUE DEVERIAM SER MELHORADOS, PARA POSTERIORMENTE, NA ETAPA DA SEGUNDA PRODUÇÃO, UNIFIC?-LOS EM UM S?, TORNANDO UM CORDEL COLETIVO EM QUE TODOS TIVESSEM PARTICIPADO FAZENDO OS DEVIDOS AJUSTES, EM RELAÇÃO ? LINGUAGEM, CONTEÚDO E TEMÁTICA. JUNTAMENTE COM A TURMA, PARTIMOS PARA A ESCOLHA DO TÍTULO DO CORDEL. O INTERESSANTE FOI A CRIATIVIDADE QUE SEMPRE SE FEZ PRESENTE DURANTE TODO O PROCESSO, DESDE OS PRIMEIROS CORD?IS COMO A ESCOLHA DO TÍTULO. ELES ESCOLHERAM VÁRIOS, COLOCAMOS NO QUADRO E ATRAVÉS DA VOTAÇÃO, FOI SELECIONADO UM TÍTULO QUE AGRADOU A TODOS. TODOS INTERAGIRAM, DERAM OPINIÕES, FIZERAM CRÍTICAS E ELOGIARAM O QUÃO TINHA FICADO INTERESSANTE O TRABALHO.
PARA A ETAPA FINAL, A SOCIALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA, TRABALHAMOS MUITO A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO ORAL, TAIS COMO ENTONAÇÃO, POSTURA AO LER, RESPEITO E SIL?NCIO ENQUANTO O OUTRO COLEGA FAZIA A LEITURA OFERTADA, ENTRE OUTROS, COMO SUGERE A BNCC (2017). O RESULTADO DESSA PROPOSTA PODE SER VISTA ABAIXO:
O SONHO DE JACKSON: TOQUES E CONQUISTAS
ESSA HISTÓRIA ? SOBRE JACKSON
QUE SONHAVA SER SANFONEIRO
MAS POR NÃO TER CONDIÇÕES
SE ARRANJOU COM UM PANDEIRO
BAI?O, ROJ?O E COCO TOCAVA
SE DOOU A MÚSICA POR INTEIRO
II
JACKSON ERA MUITO POBRE
MAS NESTA VIDA ELE VENCEU
SE MUDOU PARA CAMPINA
E UM TRABALHO APARECEU
SE TORNOU AJUDANTE DE PADEIRO
E NADA VIDA ELE CRESCEU
III
A VIDA DE JACKSON FOI SEGUINDO
TRABALHANDO PARA CONSEGUIR DINHEIRO
COM MUITO SUOR E ESFOR?O
N?O DESISTIA DE SER SANFONEIRO
CONTINUOU A VENDER P?O ? FORA
E ASSIM COMPROU SEU PANDEIRO
IV
NA GRANDE FAM?LIA DE JACKSON
A M?E ERA FLORA MOUR?O
CANTAVA E DANÇAVA NA FEIRA
JUNTO COM ELE E OS IRM?OS
O PEQUENO JACK CRESCIA
MAL SABIA QUE CONQUISTARIA O POV?O
V
A VIDA DE JACKSON MUDOU
FOI EMBORA PRO RIO DE JANEIRO
E L? NASCEU O ?REI DO RITMO?
TOCANDO SEMPRE SEU PANDEIRO
CONSEGUIU SUA PRIMEIRA SANFONA
E LEVOU NOSSA CULTURA PRO BRASIL INTEIRO
VI
JACK ERA CHEIO DE AMIGOS
UM DELES, LUIZ GONZAGA
ALGUNS RICOS, OUTROS POBRES
MAS TODOS SEUS CAMARADAS
JUNTOS NA MESA BAR
FAZIAM BELAS ENTOADAS
VII
E JÁ SE VÃO CEM ANOS
QUE AQUI NO NORDESTE ACONTECEU
UM PEQUENO E HUMILDE MENINO
COM SEU PANDEIRO CRESCEU
SE TORNOU FAMOSO NO PAIS
POR AMOR A MÚSICA, SE DEDICOU E VENCEU.
REFLETINDO SOBRE A EXPERIÊNCIA
DESTACAMOS DESTA FORMA, A GRANDE IMPORTÂNCIA EM TRABALHAR O GÊNERO TEXTUAL CORDEL NA TURMA EM QUESTÃO, SOBRETUDO PORQUE, MESMO ABORDANDO OUTROS ASPECTOS LINGUÍSTICOS, FOI MUITO EVIDENCIADO O JOGO PO?TICO DE SONS E RITMOS QUE ELES CONSTRU?RAM. ALÉM DISSO, RESSALTAMOS QUE A TEMÁTICA JACKSON ERA O QUESITO ESSENCIAL DAS PRODUÇÕES; A CADA NOVA REESCRITA SURGIAM NOVOS VERSOS E ESTROFES E OUTROS ASSUNTOS SOBRE A TEMÁTICA, TORNANDO OS ALUNOS MAIS ENTUSIASMADOS COM O PROCESSO E AINDA MAIS CRIATIVOS, O QUE RESULTOU EM IMAGENS BEM PRÓPRIAS DE CADA ALUNO, QUANDO PRODUZIRAM AS XILOGRAVURAS DE SEUS CORD?IS.
DE UMA MANEIRA GERAL, PRECISAMOS DESTACAR COMO ? IMPORTANTE A PARTICIPAÇÃO DO PROFESSOR ENQUANTO INCENTIVADOR DO TRABALHO DO ALUNO, PARA QUE ESTE V? ALÉM DO QUE FORA PROPOSTO EM SALA DE AULA, POIS ?COMO MEDIADOR DO CONHECIMENTO O PROFESSOR CRIA ESPAÇOS, AMBIENTES, MÉTODOS PARA QUE POSSAM OCORRER TRANSFORMAÇÕES AO MEIO SOCIAL DE SEU ALUNO?, ATESTA SILVA ET AL, (2017, P.3). DURANTE TODA A CONSTRUÇÃO, DISPONIBILIZ?VAMOS RESIDENTES E PRECEPTORA, PARA IR ÀS CARTEIRAS, ORIENT?-LOS, MINIMIZAR AS DÍVIDAS, ESTIMUL?-LOS, MOSTRAR QUE ELES ERAM CAPAZES. SENDO ASSIM, CONSTANTEMENTE OS ALUNOS QUERIAM MOSTRAR O QUE HAVIAM ESCRITO E A RIMA QUE TINHAM CONSEGUIDO ESCREVER, CADA APOIO E SINAL DE APROVAÇÃO QUE D?VAMOS OS IMPULSIONAVAM A ESCREVER MAIS E MELHOR. COM ISSO, FICA-NOS N?TIDA A GRANDE LI??O DE QUE TODO TRABALHO DESENVOLVIDO EM SALA DE AULA ? COLETIVO E, UMA EQUIPE ENGAJADA, TORNA O AMBIENTE DE ENSINO/APRENDIZAGEM BASTANTE PRAZEROSO.