O trabalho Predominância de Textos Literários e Não Literários em Livros Didáticos de Língua Portuguesa na Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem como foco a verificação quantitativa de quais tipos textuais predominam em livros didáticos adotados nessa modalidade de ensino. Faz parte de um projeto que pretende verificar esse fenômeno na Educação Básica e tem como recorte metodológico o estado de Alagoas em relação às adoções e as publicações autorizadas pelo MEC (PNLD). Parte-se da hipótese de que com a predominância em desequilíbrio de textos literários ou de não literários, tende-se a comprometer o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita, requeridas no contato com cada um desses tipos. Por exemplo, na produção e recepção de textos não literários necessários para o convívio em sociedade, de exigências mais simples – escrever uma carta, um e-mail – às mais elaboradas, como submissão a exames de admissão em Instituições de Ensino Superior (IES), como se dá pela “redação” exigida no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Por outro lado, não se pode esquecer a importância do texto literário para o contato cultural, artístico e mesmo de formação social que esse tipo textual acolhe. O diálogo teórico que se pretende manter nesse estudo perpassa por estudiosos como Bazerman (2000); Bronckart (1999); Koch (2011); Marcuschi (2008); Dionisio, Machado e Bezerra (2005); Dell’Isola (2007). Cademartori (2007); Paiva e Soares (2008). Nesses autores e nessas autoras, buscam-se embasamentos teóricos relacionados às tipologias textuais, bem a indicação do tratamento de textos e seus gêneros em livros atividades cotidianas e didáticas. A consideração de textos nos livros didáticos analisados tem seguido o aparecimento desses textos como elemento norteador de partes, lições ou exercícios constantes desses livros e que recebem assinatura de autoria ou de agência que lhe legitime o seu aproveitamento como elemento didático do livro. Até o momento, foram analisados 91 textos, literários e não literários. Os livros analisados foram “É Bom Aprender”, “É Bom Aprender (Multidisciplinar)” e “É Bom Aprender (alfabetização)”. Nos dois primeiros livros citados houve o que se possa, talvez, considerar equilíbrio entre textos literários 55% e não literários – 45% de um total 27 textos analisados, o que mesmo assim indica a prevalência de um dos tipos. No último livro, curiosamente, houve predominância de textos não literários – 64%. Essa pesquisa encontra-se na fase inicial, mas traz informações importantes para a discussão a que se propõe.