Artigo Anais V ENLIJE

ANAIS de Evento

ISSN: 2317-0670

LITERATURA E FORMAÇÃO HUMANA: O DIÁLOGO DAS ARTES PARA A HUMANIZAÇÃO DO SER.

Palavra-chaves: EDUCAÇÃO ITERÁRIA, INTERVENÇÃO LITERÁRIA, LITERATURA FORMATIVA Comunicação Oral (CO) GT-13: Literatura e outras artes: reflexões, interfaces e reverberações no ensino
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      LITERATURA E FORMAÇÃO HUMANA: O DIÁLOGO DAS ARTES PARA A HUMANIZAÇÃO DO SER.\r\n
      Tereza Raquel Borges Vaz de Oliveira \r\n
      Universidade Federal de Pernambuco\r\n
      \r\n
      INTRODUÇÃO\r\n
      \r\n
      \t “A revelação dessa inesgotabilidade dos aspectos das coisas é um dos grandes privilégios e um dos mais profundos encantos da arte”   Ernst Cassirer. \r\n
      \r\n
      \tA vida humana é limitada não somente pelas questões filosóficas, como também pelas questões práticas, uma dessas é a impossibilidade que a pessoa tem em realizar experimentações diversas diante de uma escolha, ou seja, quando fazemos uma escolha abdicamos de outras vivências, as quais não poderemos mais conhecer empiricamente, pois como se diz popularmente: “o tempo que se perder, não se torna mais a achar”.\r\n
      \tDessa forma, concordamos que o quê atrai o homem para as artes é a ânsia de que por meio delas o seu Eu limitado de vivências restritas possa se unir a uma existência comunitária, socializando sua individualidade (FISCHER, 1959). Entendemos assim que as artes tornam-se indispensáveis para uma vida sadia não somente pela envergadura de oportunizar as pessoas a capacidade de se apoderarem de experiências alheias que potencialmente poderiam ser suas, mas de através disso contribuir para o desenvolvimento daqueles que se defrontam com elas.\r\n
      \tEntretanto, é relevante atentar que partimos da ideia na qual não a pessoa não nasce a priori humanizada por sua condição de ser humano, ao contrário disso concordamos com Souza (2006) de que existem duas maneiras distintas no processo de Formação Humana: o de hominização, concernente a maturação biológica natural da pessoa; e o de humanização ou desumanização referente às influências culturais quanto ao modo da pessoa utilizar suas capacidades naturais reflexivas, emocionais, operativas entre outras, tornando-a humanizada ou desumanizada. Para Souza (2006) a educação só acontece quando favorece a humanização do ser.\r\n
      \tCom base em referenciais como os citados compreendemos que o Projeto Extensionista de Leitura e Intervenção Literária em Casas de Acolhida (LEIA) trás em sua proposta uma potencialidade de contribuir para a humanização da pessoa ao passo que busca sacar a ânsia pela arte. Assim, justificamos o encaminhamento da presente pesquisa apoiados na relevância da tríade ensino-pesquisa-extensão para esclarecer e retornar à sociedade quanto à efetividade dos conteúdos desenvolvidos e das extensões realizadas pela universidade. \r\n
      \tAcreditamos que esse Estudo de caso sobre as intervenções realizadas pelo Projeto LEIA da UFPE, pode nos permitir contribuir com as discussões acerca da relevância das artes para a humanização do ser e esperamos por meio deste estudo poder verificar como a literatura dialoga com as demais artes por meio de uma analise mais profunda sobre quais as funções das intervenções literárias realizadas na prática pelo LEIA, bem como investigar como a literatura em diálogo com outras artes pode facilitar o trabalho desenvolvido por este, observando se a utilização de instrumentos artísticos contribui para a realização dessas funções.\r\n
      FUNDAMENTAÇÃO\r\n
      Lendo o LEIA\r\n
      \tUma vez que estudaremos as ações do projeto de extensão LEIA, faz-se necessário que nos sirvamos também dos referenciais teóricos desse projeto. Dessa forma, para mergulharmos na base fundamental do projeto, nos serviremos das leituras de Petit (2009) em relação às orientações sobre a importância da hospitalidade para que as crianças sintam-se ouvidas por um adulto, Brandão e Rosa (2010) referentes aos momentos de conversas informais sobre o texto lido no processo de formação de sentido do mesmo e Peruccini (2011), e no intuito de entendermos a metodologia utilizada nas intervenções do LEIA, estudaremos as quatro etapas de leitura proposta por Riter (2009), a saber: motivação, leitura, exploração e extrapolação.\r\n
      \tO projeto LEIA tem como objetivo desenvolver as habilidades de leitura literária crítica e reflexiva das crianças e adolescentes das Casas de Acolhimento onde atuam, trazendo como objetivos específicos a pretensão de: realizar intervenções literárias semanais de até três horas cada nas casas de acolhimento atendidas pelo projeto; criar um grupo de estudos, como estratégia formativa da equipe de execução do projeto; oferecer uma formação aos participantes que compõem o quadro de funcionários das casas de acolhimento; auxiliar no desenvolvimento de um acervo de livros nas casas de acolhimento atendidas pelo projeto e sua catalogação; examinar a possibilidade de tornar a Casa de Acolhimento um ponto de leitura; De todos esses objetivos do projeto deteremos a nossa atenção ao primeiro objetivo especifico referente às intervenções literárias e como estas realizadas em diálogos com outras artes corroboram não apenas para a consolidação do objetivo geral do projeto LEIA, mas acima disso corrobora para o processo de humanização da pessoa. \r\n
      O que é e para que serve a arte literária? \r\n
      \tPartimos do pressuposto de que a arte é todas e quaisquer manifestação/expressão/produção cultural que procure tocar a alma humana promovendo a humanização no processo de Formação Humana (Fischer 1959; Souza, 2006). Enxergamos ainda que a arte tem a função de comover o homem total (FISCHER, 1959), ou seja, uma formação humana integral que não busque dissociar ou desconsiderar as multidimensões humanas (ROHR, 2013), mas que procure despertar na pessoa o respeito e a compreensão dessas multidimensões de maneira que nos permita conhecer-nos e explorar o dialogo produtivo conosco e com os outros. \r\n
      METODOLOGIA \r\n
      \tOptamos por realizar um estudo de caso por entender que tal método nos possibilita captar a complexidade de uma realidade, uma vez que se tratando de um ‘fenômeno social’ o estudo de caso favorece uma investigação de modo a preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real (Ludke e André, 1986).\r\n
      RESULTADOS PRELIMINARES \r\n
      \tObservamos quatro intervenções e observamos que todas as intervenções procuraram seguir as orientações teóricas nas quais o projeto se baseia, como os norteamentos de Petit (2009) sobre usar a hospitalidade como instrumento pelo qual os adultos permitem que as crianças sintam-se ouvidas e se abram para o dialogo relevante ao processo de significação do texto literário (Brandão e Rosa 2010; Cosson 2014).\r\n
      \tPudemos também observar que tais pressupostos teóricos ajudaram a equipe executora do LEIA a selecionar e trabalhar com obras que se aproximam bem do olhar infatojuvenil, facilitando o desenvolvimento dos temas abordados pelos textos literários utilizados nessas mediações, a saber, o que É um livro de Lane Smith, As coisas que a gente fala de Ruth Rocha e Chapeuzinho Amarelo de Chico Buarque. Enxergamos que as mediações foram efetivadas de maneira a promover a aproximação e abertura das crianças e jovens para a conversa e consequente reflexão sobre os temas fomentados nos textos lidos, o que está de acordo com a proposta do projeto e nos faz atentar para as características artísticas que Fischer (1959) elucida que logicamente são inerentes ao texto literário, uma vez que esse é também produção artística. \r\n
       \tAinda não foram observadas um número suficiente de atuações do projeto para que seja possível analisar se o mesmo executa suas atividades estabelecendo a literatura como arte, o que é explicável pelo fato de que o projeto não se propõe a educar didaticamente o olhar estético dos participantes de suas ações, mas sim despertar o gosto pela leitura literária. Não obstante, entendemos que as mediações realizadas pelo LEIA precisam considerar os aspectos artísticos da literatura na seleção dos textos literários que utilizaram, utilizam e utilizarão em suas ações, uma vez que o projeto se propõe a colaborar para a promoção da materialização do direito à educação e cultura das crianças e dos adolescentes assistidos pelas Casas de Acolhida nas quais o projeto atua. \r\n
      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS \r\n
      BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Edições 70. 2004.\r\n
      FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. \r\n
      LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.  \r\n
      RITER, Caio. A formação do leitor literário em casa e na escola. São Paulo: Biruta, 2009.\r\n
      ROHR, Ferdinand. Reflexões em Torno de um Possível Objeto Epistêmico da Educação. Proposições (Unicamp), Campinas SP, v. 18, n.n. 1, p. 51-70, 2007.\r\n
      ________. Educação e Espiritualidade: contribuições para uma compreensão multidimensional da realidade, do homem e da educação. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2013.\r\n
      SOUZA, João F. E a filosofia da educação: ¿¿Quê?? A reflexão filosófica na educação com um saber pedagógico. Recife: NUFEP – UFPE, Edições Bagaço, 2006.\r\n
      PETIT, Micheèle. A arte de ler: como resistir à diversidade. São Paulo: Editora 34, 2009.\r\n
      PIERUCCINI, Ivete. Ambientes e modos de leitura: em busca da significação dos escritores. São Paulo: Ática, 2011.\r\n
      BRANDÃO, Ana C. P. ; ROSA, Ester C. de S. A leitura de textos literários na sala de aula: é conversando que a gente se entende. in org. PAIVA, Aparecida; MACIEL, Francisca;\r\n
      COSSON, Rildo. Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação básica, 2010.\r\n
      ________. Círculos de leitura e letramento literário. SP: Contexto, 2014.\r\n
      CORETH, E. Questões fundamentais de hermenêutica. SP, EPU, da Universidade de São Paulo, 1919.\r\n
      BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 1988.\r\n
      COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007. \r\n
      GOMBRICH, Ernest H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
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      Universidade Federal de Pernambuco\r\n
      \r\n
      INTRODUÇÃO\r\n
      \r\n
      \t “A revelação dessa inesgotabilidade dos aspectos das coisas é um dos grandes privilégios e um dos mais profundos encantos da arte”   Ernst Cassirer. \r\n
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      Lendo o LEIA\r\n
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      O que é e para que serve a arte literária? \r\n
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      METODOLOGIA \r\n
      \tOptamos por realizar um estudo de caso por entender que tal método nos possibilita captar a complexidade de uma realidade, uma vez que se tratando de um ‘fenômeno social’ o estudo de caso favorece uma investigação de modo a preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real (Ludke e André, 1986).\r\n
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      \tPudemos também observar que tais pressupostos teóricos ajudaram a equipe executora do LEIA a selecionar e trabalhar com obras que se aproximam bem do olhar infatojuvenil, facilitando o desenvolvimento dos temas abordados pelos textos literários utilizados nessas mediações, a saber, o que É um livro de Lane Smith, As coisas que a gente fala de Ruth Rocha e Chapeuzinho Amarelo de Chico Buarque. Enxergamos que as mediações foram efetivadas de maneira a promover a aproximação e abertura das crianças e jovens para a conversa e consequente reflexão sobre os temas fomentados nos textos lidos, o que está de acordo com a proposta do projeto e nos faz atentar para as características artísticas que Fischer (1959) elucida que logicamente são inerentes ao texto literário, uma vez que esse é também produção artística. \r\n
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      BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Edições 70. 2004.\r\n
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      COSSON, Rildo. Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação básica, 2010.\r\n
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Publicado em 20 de agosto de 2014

Resumo

LITERATURA E FORMAÇÃO HUMANA: O DIÁLOGO DAS ARTES PARA A HUMANIZAÇÃO DO SER. Tereza Raquel Borges Vaz de Oliveira Universidade Federal de Pernambuco INTRODUÇÃO “A revelação dessa inesgotabilidade dos aspectos das coisas é um dos grandes privilégios e um dos mais profundos encantos da arte” Ernst Cassirer. A vida humana é limitada não somente pelas questões filosóficas, como também pelas questões práticas, uma dessas é a impossibilidade que a pessoa tem em realizar experimentações diversas diante de uma escolha, ou seja, quando fazemos uma escolha abdicamos de outras vivências, as quais não poderemos mais conhecer empiricamente, pois como se diz popularmente: “o tempo que se perder, não se torna mais a achar”. Dessa forma, concordamos que o quê atrai o homem para as artes é a ânsia de que por meio delas o seu Eu limitado de vivências restritas possa se unir a uma existência comunitária, socializando sua individualidade (FISCHER, 1959). Entendemos assim que as artes tornam-se indispensáveis para uma vida sadia não somente pela envergadura de oportunizar as pessoas a capacidade de se apoderarem de experiências alheias que potencialmente poderiam ser suas, mas de através disso contribuir para o desenvolvimento daqueles que se defrontam com elas. Entretanto, é relevante atentar que partimos da ideia na qual não a pessoa não nasce a priori humanizada por sua condição de ser humano, ao contrário disso concordamos com Souza (2006) de que existem duas maneiras distintas no processo de Formação Humana: o de hominização, concernente a maturação biológica natural da pessoa; e o de humanização ou desumanização referente às influências culturais quanto ao modo da pessoa utilizar suas capacidades naturais reflexivas, emocionais, operativas entre outras, tornando-a humanizada ou desumanizada. Para Souza (2006) a educação só acontece quando favorece a humanização do ser. Com base em referenciais como os citados compreendemos que o Projeto Extensionista de Leitura e Intervenção Literária em Casas de Acolhida (LEIA) trás em sua proposta uma potencialidade de contribuir para a humanização da pessoa ao passo que busca sacar a ânsia pela arte. Assim, justificamos o encaminhamento da presente pesquisa apoiados na relevância da tríade ensino-pesquisa-extensão para esclarecer e retornar à sociedade quanto à efetividade dos conteúdos desenvolvidos e das extensões realizadas pela universidade. Acreditamos que esse Estudo de caso sobre as intervenções realizadas pelo Projeto LEIA da UFPE, pode nos permitir contribuir com as discussões acerca da relevância das artes para a humanização do ser e esperamos por meio deste estudo poder verificar como a literatura dialoga com as demais artes por meio de uma analise mais profunda sobre quais as funções das intervenções literárias realizadas na prática pelo LEIA, bem como investigar como a literatura em diálogo com outras artes pode facilitar o trabalho desenvolvido por este, observando se a utilização de instrumentos artísticos contribui para a realização dessas funções. FUNDAMENTAÇÃO Lendo o LEIA Uma vez que estudaremos as ações do projeto de extensão LEIA, faz-se necessário que nos sirvamos também dos referenciais teóricos desse projeto. Dessa forma, para mergulharmos na base fundamental do projeto, nos serviremos das leituras de Petit (2009) em relação às orientações sobre a importância da hospitalidade para que as crianças sintam-se ouvidas por um adulto, Brandão e Rosa (2010) referentes aos momentos de conversas informais sobre o texto lido no processo de formação de sentido do mesmo e Peruccini (2011), e no intuito de entendermos a metodologia utilizada nas intervenções do LEIA, estudaremos as quatro etapas de leitura proposta por Riter (2009), a saber: motivação, leitura, exploração e extrapolação. O projeto LEIA tem como objetivo desenvolver as habilidades de leitura literária crítica e reflexiva das crianças e adolescentes das Casas de Acolhimento onde atuam, trazendo como objetivos específicos a pretensão de: realizar intervenções literárias semanais de até três horas cada nas casas de acolhimento atendidas pelo projeto; criar um grupo de estudos, como estratégia formativa da equipe de execução do projeto; oferecer uma formação aos participantes que compõem o quadro de funcionários das casas de acolhimento; auxiliar no desenvolvimento de um acervo de livros nas casas de acolhimento atendidas pelo projeto e sua catalogação; examinar a possibilidade de tornar a Casa de Acolhimento um ponto de leitura; De todos esses objetivos do projeto deteremos a nossa atenção ao primeiro objetivo especifico referente às intervenções literárias e como estas realizadas em diálogos com outras artes corroboram não apenas para a consolidação do objetivo geral do projeto LEIA, mas acima disso corrobora para o processo de humanização da pessoa. O que é e para que serve a arte literária? Partimos do pressuposto de que a arte é todas e quaisquer manifestação/expressão/produção cultural que procure tocar a alma humana promovendo a humanização no processo de Formação Humana (Fischer 1959; Souza, 2006). Enxergamos ainda que a arte tem a função de comover o homem total (FISCHER, 1959), ou seja, uma formação humana integral que não busque dissociar ou desconsiderar as multidimensões humanas (ROHR, 2013), mas que procure despertar na pessoa o respeito e a compreensão dessas multidimensões de maneira que nos permita conhecer-nos e explorar o dialogo produtivo conosco e com os outros. METODOLOGIA Optamos por realizar um estudo de caso por entender que tal método nos possibilita captar a complexidade de uma realidade, uma vez que se tratando de um ‘fenômeno social’ o estudo de caso favorece uma investigação de modo a preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real (Ludke e André, 1986). RESULTADOS PRELIMINARES Observamos quatro intervenções e observamos que todas as intervenções procuraram seguir as orientações teóricas nas quais o projeto se baseia, como os norteamentos de Petit (2009) sobre usar a hospitalidade como instrumento pelo qual os adultos permitem que as crianças sintam-se ouvidas e se abram para o dialogo relevante ao processo de significação do texto literário (Brandão e Rosa 2010; Cosson 2014). Pudemos também observar que tais pressupostos teóricos ajudaram a equipe executora do LEIA a selecionar e trabalhar com obras que se aproximam bem do olhar infatojuvenil, facilitando o desenvolvimento dos temas abordados pelos textos literários utilizados nessas mediações, a saber, o que É um livro de Lane Smith, As coisas que a gente fala de Ruth Rocha e Chapeuzinho Amarelo de Chico Buarque. Enxergamos que as mediações foram efetivadas de maneira a promover a aproximação e abertura das crianças e jovens para a conversa e consequente reflexão sobre os temas fomentados nos textos lidos, o que está de acordo com a proposta do projeto e nos faz atentar para as características artísticas que Fischer (1959) elucida que logicamente são inerentes ao texto literário, uma vez que esse é também produção artística. Ainda não foram observadas um número suficiente de atuações do projeto para que seja possível analisar se o mesmo executa suas atividades estabelecendo a literatura como arte, o que é explicável pelo fato de que o projeto não se propõe a educar didaticamente o olhar estético dos participantes de suas ações, mas sim despertar o gosto pela leitura literária. Não obstante, entendemos que as mediações realizadas pelo LEIA precisam considerar os aspectos artísticos da literatura na seleção dos textos literários que utilizaram, utilizam e utilizarão em suas ações, uma vez que o projeto se propõe a colaborar para a promoção da materialização do direito à educação e cultura das crianças e dos adolescentes assistidos pelas Casas de Acolhida nas quais o projeto atua. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Edições 70. 2004. FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. RITER, Caio. A formação do leitor literário em casa e na escola. São Paulo: Biruta, 2009. ROHR, Ferdinand. Reflexões em Torno de um Possível Objeto Epistêmico da Educação. Proposições (Unicamp), Campinas SP, v. 18, n.n. 1, p. 51-70, 2007. ________. Educação e Espiritualidade: contribuições para uma compreensão multidimensional da realidade, do homem e da educação. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2013. SOUZA, João F. E a filosofia da educação: ¿¿Quê?? A reflexão filosófica na educação com um saber pedagógico. Recife: NUFEP – UFPE, Edições Bagaço, 2006. PETIT, Micheèle. A arte de ler: como resistir à diversidade. São Paulo: Editora 34, 2009. PIERUCCINI, Ivete. Ambientes e modos de leitura: em busca da significação dos escritores. São Paulo: Ática, 2011. BRANDÃO, Ana C. P. ; ROSA, Ester C. de S. A leitura de textos literários na sala de aula: é conversando que a gente se entende. in org. PAIVA, Aparecida; MACIEL, Francisca; COSSON, Rildo. Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação básica, 2010. ________. Círculos de leitura e letramento literário. SP: Contexto, 2014. CORETH, E. Questões fundamentais de hermenêutica. SP, EPU, da Universidade de São Paulo, 1919. BRASIL. 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