Entre as crianças, é corriqueira a máxima da qual se afirma ser “a hora do lanche, a hora mais feliz”. Tirando proveito da importância atribuída pelo sujeito infantil ao momento de comer, o livro de poemas A festa das Letras (1937), assinado por Cecília Meireles (1901-1964) e Josué de Castro (1908-1973), instrui, evocando no jogo da ludicidade poética, reflexões anedóticas reinventadas na teatralização da palavra. Indo além do abecedário de ingredientes à primeira vista lançados sob a obra, nossa proposta se coloca no exercício de passar a limpo o papel criativo das “letras”, assimilando-as pela caligrafia expressiva de versos que atentam tanto para escrita do cuidado à higiene alimentar, quanto para figuração ético-estética do alimento.