A proposta deste trabalho é observar o amor e a honra na concepção da personagem Júlia do romance Júlia ou a Nova Heloísa (1994), de Jean-Jacques Rousseau. Júlia é uma moça de família abastada, virtuosa e mencionada pelo narrador como uma mulher casta, de sentimentos puros e verdadeiros, capaz de sacrificar o amor pela pessoa amada para não ferir e nem desonrar o seio familiar, haja vista que a honra é caracterizada como a maior das virtudes. Em todo o percurso da narrativa a honra apresenta-se como a moral máxima a ser seguida e o amor como algo transcendental que ultrapassa as fronteiras do desejo contemplando-se com a admiração mútua dos seres apaixonados. Isso é recorrente no romance, uma vez que as personagens protagonistas se envolvem num sentimento amoroso que por inconveniências familiares não é concretizado, tornando-se dessa forma platônico. Júlia prefere sacrificar o amor para honrar sua família e casa-se com outro homem. Nesse sentido, citaremos fragmentos do romance a fim de mostrar que acima do amor encontra-se a virtude como um dos maiores bens que um ser humano pode obter.