Na preparação de alimentos que são submetidos a processos de fritura, à altas temperaturas, o óleo começa a sofrer um processo de degradação, este processo tem incentivado pesquisadores do mundo todo a avaliarem as alterações produzidas nos óleos, quando os mesmos são submetidos a aquecimentos prolongados, assim determinando-se que é hora de descartar o óleo [1]. O resíduo do óleo de cozinha, gerado diariamente nos lares, indústrias e estabelecimentos do país, devido à falta de informação da população, acaba sendo despejado diretamente nas águas, como em rios e riachos ou simplesmente em pias e vasos sanitários, indo parar nos sistemas de esgoto causando danos no entupimento dos canos e o encarecimento dos processos das estações de tratamento em até 45%, além de acarretar na poluição do meio aquático, ou, ainda, no lixo doméstico – contribuindo para o aumento das áreas dos aterros sanitários. O óleo de cozinha usado pode servir como matéria-prima na fabricação de diversos produtos, tais como biodiesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros [2]. Portanto, esse trabalho objetiva promover o reaproveitamento dos resíduos de óleo de fritura e seu retorno à produção, como matéria-prima, agregando valor econômico à cadeia produtiva, diminuindo o custo do produto derivado final em relação à produção com matéria-prima virgem e ainda preservar o meio-ambiente. As amostras de resíduos de óleo de frituras de pastel foram recolhidas da lanchonete do IFPB - campus Campina Grande, enquanto que as de origem domésticas são de moradores do próprio bairro Dinamérica, comunidade onde o campus está inserido. Foram executadas operações que visam facilitar o reaproveitamento desses resíduos; i) coleta e armazenagem, ii) desemulsificação, iii) purificação (via filtração à vácuo), no intuito de se adequar às condições de trabalho e, portanto, a padronização e desenvolvimento de processos diversos, tal como a produção de ésteres. A caracterização físico-química dos resíduos pré-tratados, no que diz respeito ao pH, densidade, teor de ácidos graxos e índice de saponificação, podem dar indícios e nortear o valor do material de escolha para essa pesquisa. Os resultados para as amostras representantes do universo dos resíduos de óleo de pastelaria e o óleo de residência são, respectivamente: massa específica a 20 °C 930,0 e 919,0 método ABNT NBR 7148, teor de água mg/kg 1831 e 845 método ASTM D 6204, viscosidade cinemática a 40 °C (mm²s-¹) 65,1 e 34,6 método ABNT NBR 10441, índice de acidez (mg KOH/g) 5,6 ± 0,2 e 1,8 ±0,2 método norma 016/IV do Instituto Adolfo Lutz. A partir dos resultados obtidos, é evidente notar uma diferença entre as propriedades físicas destes óleos. O valor médio de acidez obtido nas amostras analisadas foi de 3,7 ± 0,2. O valor estabelecido pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, gás e biocombustíveis) para o biodiesel é de 0,5 mg KOH/g então o óleo analisado está com índice de acidez muito superior ao recomendado, ratificando a importância de seu tratamento. Ainda no processo de fritura em elevadas temperaturas, o óleo sofre mudanças físico-químicas pela interação com o ar, água e alimento, podendo formar ácido graxo. À medida que aumenta esse teor de ácido, há um incremento na viscosidade, tornando o óleo mais grosso. O teor de água é maior no óleo de pastelaria, pois no processo térmico promove maior formação de peróxidos e hidroperóxidos, já que se acredita que estes produtos tenham afinidade com H2O. A mistura destes subprodutos gerados pelo aquecimento do óleo em repetidas frituras, quando ingeridos pelas pessoas, inibem as ações das enzimas pancreáticas diminuindo o ritmo da digestão. Assim, é muito comum a pessoa passar mal após comer um salgado frito com óleo usado várias vezes.