A utilização de energias renováveis ganha cada vez mais importância no mundo, em função de políticas de substituição das fontes energéticas de origem fóssil por fontes renováveis (transição energética). O Brasil é um país de dimensões continentais e está geograficamente posicionado numa zona de excepcional disponibilidade de fontes renováveis, e, portanto, a utilização destes recursos é de extrema importância para o país, incentivando seu desenvolvimento tecnológico de modo sustentável. A utilização de energias renováveis no semiárido brasileiro não apresenta somente ganhos regionais (e.g., independência da rede elétrica) mas também ganhos nacionais, já que a matriz energética nacional também se beneficia, acumulando também benefícios ambientais devido a menor emissão de poluentes. Para atenuar as características de intermitência e variabilidade das energias renováveis, frequentemente se acoplam sistemas de armazenamento energético, cuja utilização proporciona estabilidade e qualidade ao sinal de energia além de ser uma saída importante para massificação da eletricidade renovável, podendo minimizar o acionamento das termoelétricas em momentos de necessidade e tornar nossa matriz elétrica ainda mais renovável. Este trabalho apresenta uma revisão sistemática de literatura com o interesse de identificar estratégias para inserção de armazenamento energético em regiões semiáridas, demonstrando a viabilidade e aplicabilidade destas tecnologias no suporte à redução dos efeitos da intermitência e variabilidade sazonal das energias renováveis (sobretudo a solar e a eólica) nos mais diversos setores da região do semiárido nacional. A revisão foi realizada com base em artigos publicados em periódicos científicos e publicações em anais de eventos, na base de dados Periódicos CAPES. Descritores específicos na língua inglesa foram aplicados, assim como seus sinônimos e correspondentes na língua portuguesa e espanhola, em combinações variadas, levando em consideração a importância de encontrar todos os estudos relacionados com o assunto disponível na literatura e que, além de obedecerem aos critérios adotados, apresentassem elevada qualidade metodológica. A estratégia de busca elaborada forneceu um total de 119 estudos. Após a triagem pela leitura dos títulos e resumos, 18 estudos foram considerados potencialmente elegíveis e lidos na íntegra pelos avaliadores. Ao término das análises, 11 artigos preencheram todos os critérios de inclusão para o estudo, sendo publicados entre os anos de 2003 e 2018. Dentre os estudos selecionados, seis foram realizados em países desenvolvidos (Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Estados Unidos) e cinco em países em desenvolvimento (Argélia e Brasil). Os resultados obtidos neste trabalho evidenciam que assim como ocorreu em outros países, a instalação de sistemas de armazenamento de energia associados a utilização de fontes alternativas renováveis, favorece a que estas fontes (abundantes nas regiões semiáridas, mas consideradas intermitentes) se tornem mais estáveis e assim, mais competitivas em relação a energias fósseis e hidrelétricas. Concluiu-se que a difícil situação das populações que vivem em regiões semiáridas pode ser atenuada pelos resultados de pesquisas científicas e tecnológicas. Experiências de sucesso em outras regiões semiáridas do mundo podem ser estendidas e adaptadas para o nordeste brasileiro, evidenciando que é possível melhorar as condições de vida em situações climáticas adversas, fazendo com que o desenvolvimento socioeconômico ocorra em sintonia com as avançadas tecnologias da atualidade e com a globalização, porém, com ações locais que respondam pelas demandas típicas de cada região, propiciando o desenvolvimento sustentável e atendendo parte considerável da população que atua nos mais diversos setores da economia nestas regiões.