Ao longo dos anos o ser humano começou a buscar alimentos mais saudáveis, de forma que fosse produzido com menos impacto ao meio ambiente e com pouco ou nenhum resíduo de uso de agrotóxicos nos alimentos, a partir dessa demanda tornou-se crescente os sistemas de cultivos orgânicos e agroecológico. Neste trabalho realizamos a caracterização do sistema de produção adotado por agricultores familiares da comunidade do Sítio Cruz, localizada no município de Garanhuns-PE, através de dados obtidos em campo. Uma série de dados foram coletados através de pesquisas em campo, nas unidades de produção, durante os meses de maio e junho de 2018, bem como ao longo da realização das visitas de acompanhamento as famílias produtoras e aplicação de formulários junto a parte dos agricultores que participam da Associação Comunitária Nova Vida, incluindo os que participam da Feira Territorial da Agroecologia e Agricultura Familiar- a AGROFEIRA apoiada pelo NEA, CVT e Incubadora AGROFAMILIAR (Projeto 441919/2017-0, CNPq/MTb-SENAES). Dessa forma proporcionando uma melhor observação de todo o sistema de produção e seu impacto. Utilizando formulários como mecanismo de coleta de dados, contendo perguntas abertas para obtenção de respostas descritivas respeitando o ponto de vista dos entrevistados, bem como perguntas fechadas. Ao fim da pesquisa observamos que os agricultores buscam a cada ciclo produtivo armazenar sementes de alto potencial, para serem utilizadas no ciclo seguinte, com o intuito de inserir em suas áreas de cultivos, sementes sadias sem a utilização de produtos químicos, sendo estas sementes armazenadas no banco comunitário de sementes. Ao produzir sua própria semente, o produtor da agricultura familiar não só terá maiores chances de obter uma boa colheita, como também, maior produtividade com menor custo e, consequentemente, maior lucratividade e sem depender de programas de distribuição de sementes (Queiroga et al, 2011). Nota-se que a precipitação baixa e irregular faz com que os agricultores tenham que utilizar cultivares adaptadas a condição de estiagem podendo resistir a períodos de estiagem ou com variações climáticas severas para as culturas. As variedades crioulas atendem a um dos princípios básicos da Agroecologia que é o de desenvolver plantas adaptadas às condições locais, capazes de tolerarem variações ambientais e ataque de organismos prejudiciais (Vasconcelos, 2011). No atual sistema de produção agrícola torna-se comum a desestruturação ecológica do meio ambiente, que se agrava pela remoção de plantas competitivas, linhagens por seleção, monocultivo, adubação química, irrigação, podas e controle de pragas e doenças (Tavella et al, 2011). Porém sistemas de produção com base nos princípios da agroecologia se apresentam como alternativas a esse sistema totalmente dependente de agrotóxicos. A Agroecologia sugere alternativas sustentáveis em substituição às práticas predadoras da
agricultura capitalista e à violência com que a terra foi forçada a dar seus frutos. Concluímos a partir dos dados obtidos e através do contato com a comunidade, que seus integrantes tem um comprometimento muito grande com a produção de alimentos, de forma a proporcionar ao consumidor final um produto sem resíduos químicos que possam vir a causar algum tipo de dano à saúde, além do cuidado com a preservação de fauna e flora local, entendendo os impactos que o uso de tais produtos podem ocasionar no agroecossistema. Apesar das inúmeras dificuldades encontradas na região, os agricultores estão em processos de transição agroecológica e também se encontram em processo de certificação orgânica de seus produtos junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), usando a agroecologia como sistema produtivo, utilizando espécies vegetais adaptadas a região, tolerando as condições adversas do local. Desta forma a comunidade expressa uma reação negativa à utilização de insumos químicos industriais, produzindo alimentos de alta qualidade, alinhando o sistema produtivo com os ciclos naturais do ecossistema.