O esgotamento sanitário é um dos quatro serviços do saneamento básico, sendo responsável pelas operações de manejo, tratamento e disposição finais dos efluentes oriundos das atividades antrópicas. Quando realizada de maneira adequada, este serviço traz benefícios socioambientais importantes, traduzindo em salubridade aos sistemas ambientais e promoção de qualidade de vida às pessoas. Para tanto, o Plano Nacional de Saneamento Básico prevê a universalização do saneamento em 2033, estimando um investimento de R$508,452 bilhões, dos quais, 35,77% seria destinado ao esgotamento sanitário. Entretanto, as metas não têm sido cumpridas, atrasando a infraestrutura do esgotamento sanitário, sobretudo, nas regiões Norte e Nordeste. Nesse contexto, sabendo que as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) é um dos principais componentes da infraestrutura do esgotamento sanitário, o presente trabalho tem como objetivo analisar a concepção e o projeto de uma estação de tratamento de esgoto presente em uma comunidade assentada na zona rural do município de Ceará-Mirim, avaliando se o projeto proposto está de acordo com a literatura e com as normas estabelecidas e propondo melhorias. O presente trabalho foi efetuado em um município do estado do Rio Grande do Norte, Ceará-Mirim, durante o mês de outubro de 2018. Ceará-Mirim faz parte da Grande Natal, na microrregião de Macaíba e faz limite com os municípios de Extremoz (leste e sul), Taipu (oeste e norte), Ielmo Marinho (sul e oeste) e Maxaranguape (norte e leste). O município tem sua população estimada em 72.878 habitantes para o ano de 2015 (IBGE, 2016). O município apresenta cerca de 54,4% domicílios com esgotamento sanitário (IBGE, 2016). A ETE a ser estudada fica localizada em uma comunidade de casas do programa Minha Casa Minha Vida. Para efetuação do trabalho foi feita uma observação sistemática da estação, avaliando sua concepção, componentes e operação a fim de se comparar com os estudos encontrados na literatura. Ao avaliar a ETE, pode-se destacar a posição no qual ela foi alocada no terreno, a cota da posição atual não favoreceu os componentes do tratamento preliminar que tiveram cota bem abaixo da encontrada no terreno, impossibilitando a realização de manutenção e limpeza de forma adequada. Ainda sobre o tratamento preliminar, a opção por caixa de área vertical se fez quando não há terreno suficiente para locação dos componentes, o que não é caso estudado, já que a ETE esta posicionada em um local amplo, esta medida teria sido descartada com uma melhor análise do terreno antes de se iniciar a concepção do projeto. O uso de reator UASB geralmente está ligado a uma disposição feita por meio de infiltração no solo (PARKTEN, 2010), o que se observou neste caso foi à disposição feita em um corpo hídrico, que hoje se comporta como um rio intermitente. Portanto, conclui-se que a ETE podem ser melhorados: construção de um tanque de armazenamento do lodo proveniente do reator UASB; um dispositivo simples a base de cal para diminuir o impacto do gás gerado durante o tratamento e que será destinado a atmosfera; a adoção de lagoas para melhor tratamento e disposição do esgoto tratado nos componentes já instalados. A adoção de alguma dessas medidas ao decorrer dos anos irá melhorar a eficiência do processo, contribuindo para uma disposição adequada deste efluente além de impactar o meio ambiente beneficamente.