O trabalho discute patrimônio material e imaterial das comunidades quilombolas no Piauí. Espaço de militância social, mas carente de explicações sobre formação étnico-cultural, a identidade negra e a valorização do patrimônio histórico. Autoidentificadas como descendentes da escravidão esses espaços são férteis na produção de documentos históricos sobre viver no semiárido. A experiência de grupos que (re)significam vivências, para construir a sua sobrevivência, nos coloca diante do patrimônio material e imaterial como objeto da antropologia, história e educação. No Brasil, quilombo, é um conceito que foi sendo modificado ao longo da perspectiva sócio-política, econômica, cultural e no despertar das ações afirmativas dos governos recentes. O quilombo histórico realmente não está mais presente em qualquer parte do Brasil. Todavia, há uma memória de luta, de resistência e, principalmente, há uma necessidade incontestável de proteger os lugares da memória, da tradição e preservação de vivências enquanto descendentes dos escravos negros presentes da história do Brasil. No Piauí, os quilombolas discutem a religiosidade, as práticas de cura, saberes, modos de viver e construir como instrumentos de valorização étnica e fundante da identidade de sujeitos marcados pelos embates no passado escravista e na contemporaneidade representada pela luta pela terra e continuidade de seus modos de vivenciar o território ancestralmente ocupado. Assim, os quilombos estruturam suas vivências na legislação que garante fomento as manifestações culturais e no patrimônio edificado e imaterial. Ambos marcados pelo passado, mas dinâmicos no presente. Sobrevivendo as adversidades do clima e sociedade, mas ancorados na pujança cultural.