A escassez hídrica é uma realidade do semiárido brasileiro, que devido a suas características climáticas, geológicas, geomorfológicas, econômicas e sociais, apresenta inúmeras adversidades associadas a captação e usos múltiplos da água. Devido a tal situação, o desenvolvimento de técnicas e tecnologias que possam permitir o convívio com a seca são essenciais para potencializar a qualidade de vida da população, sendo as cisternas um exemplo prático e eficiente destas técnicas. Por meio disto, o presente trabalho tem por objetivo analisar os métodos de Rippl e Azevedo Neto apresentados na NBR 15527:2007, para o dimensionamento de cisternas, a fim de realizar um comparativo quanto a sua aplicação em diferentes municípios do semiárido paraibano. Foram selecionados dados pluviométricos em estações meteorológicas convencionais obtidos no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). As estações selecionadas foram as de São Gonçalo (Distrito do município de Sousa) e Patos, no interior da Paraíba, e o intervalo escolhido foi de 01 de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2017, permitindo uma precisão maior nos resultados obtidos e uma análise mais criteriosa do comportamento pluviométrico da região. Como métodos para análise de dados e dimensionamento dos reservatórios considerou-se os métodos de Rippl e de Azevedo Neto, descritos na NBR 15527:2007 que apresentam os requisitos para aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. A sistematização destes métodos se deu por meio de adaptação dos cálculos em Excel 2013, com base no trabalho desenvolvido por Tomaz (2007). Os resultados obtidos para aplicação do método de Rippl foi de 24,63 m³ para Patos e 19,66 m³ para São Gonçalo, entretanto os dados de Patos, apesar de terem sido gerados, não podem ser considerados para este método, tendo em vista que a demanda hídrica foi superior ao volume captado. Na aplicação do método de Azevedo Neto os resultados obtidos foram de 8,20 m³ para Patos e 8,54 m³ para São Gonçalo, sendo possível verificar uma diferença menos expressiva entre os dados obtidos para as duas estações, se comparado aos resultados do método anterior. Nesse método observa-se que, ao contrário do método de Rippl, o volume da cisterna para a região de São Gonçalo apresenta uma diferença de 0,34m³ em relação a de Patos, isso pode ser justificado pelo fato de que neste método é desconsiderada influência da demanda, analisando apenas o volume captado anualmente e os períodos de estiagem. No que se refere ao comparativo entre os valores obtidos para ambos os métodos foi possível constatar uma divergência considerável entre os valores. Para a região de Patos, em específico, faz-se necessária a aplicação de outras metodologias de dimensionamento que possam acarretar em resultados mais significantes e positivos para a população. Quanto a situação de São Gonçalo, o método de Rippl mostrou-se o mais adequado para o dimensionamento dos reservatórios, tendo em vista que, com base na relação entre o acumulado pluviométrico anual e os meses de estiagem analisados no método de Azevedo Neto, uma cisterna de maior volume será mais eficaz no atendimento da demanda
hídrica durante os períodos de pouca chuva. Por conseguinte, a aplicação dos métodos de
dimensionamento é essencial para obtenção de resultados mais satisfatórios quanto ao
desenvolvimento de técnicas para melhorias no convívio com a seca. Por meio destas, é
possível minimizar os custos com os reservatórios e ainda atender da melhor forma a
demanda hídrica da população, otimizando sua qualidade de vida, e ainda reduzindo a pressão
sobre os mananciais, possibilitando o direcionamento destes recursos para usos mais nobres.