Esse artigo visa uma possível negociação entre os mundos que envolvem escola e comunidade para minimização de violências de gênero que explodem em números e realidades doloridas, marcando corpos de mulheres e LGBTs. É uma proposta que vai na contramão da “Escola com Partido” e das narrativas retrógradas que vem atacando conquistas legais e políticas sociais que envolvem a escola em debates de inclusão e respeito as diversidades. Nesse sentido é um texto de fala, que denuncia constructos culturais que estão como véu de naturalizações sobre os papéis sociais que meninos e meninas, homens e mulheres, seguem (fogem) para se (des) encaixarem em padrões heteronormativos. Para tanto, traz a cena dois casos de forte repercussão social envolvendo sequenciais estupros de uma garota de 14 anos, praticados pelo próprio pai, e o assassinato hediondo de um jovem de 17 anos pela própria mãe, que não aceitava seus traços femininos e sua fala fina ao dizer-se gay, para refletirmos a partir dessas vidas jovens que foram roubadas, um possível canal de denúncia, acolhimento e importância da escola tanto para desconstrução de preconceitos de gênero, quanto no espaço fortuito para mudar histórias trágicas como essas, a partir do conhecimento sobre o próprio corpo em sua potência de escolhas e vida, negociando com a historicidade presente na construção de discursos de raça, classe, gênero e sexualidades.