O presente trabalho pretende apresentar a experiência de educação popular dos Comitês Populares Democráticos, em um momento histórico marcado por um clima de euforia democrática, iniciado com o processo de “redemocratização” de 1945 e que vai até 1947, quando do avanço da Guerra Fria com todas as suas consequências, dentre as quais uma violenta onda repressiva contra o movimento democrático e popular, em particular os comunistas. Nesse contexto do imediato pós-guerra surgem e se ramificam pelo país, com maior intensidade no Rio de Janeiro e em São Paulo, os Comitês Populares Democráticos. Capitaneados pelo PCB (denominado naquele período Partido Comunista do Brasil), desempenham um papel de considerável relevância na mobilização e organização de setores populares daquele momento, em que a cultura e a educação passam a se integrar com mais força ao rol de preocupações dos movimentos populares. Busca-se explicitar o caráter educativo dessa tentativa de organização popular, em que os Comitês Populares Democráticos se constituem em mediadores entre as demandas da população e as instituições públicas, dando visibilidade aos problemas a serem debatidos em espaços públicos e incorporados nas agendas do poder público. Os Comitês Populares Democráticos empreendem, no imediato pós-guerra, uma árdua campanha de alfabetização de adultos, visando não somente ensinar a ler e escrever, mas buscando desenvolver uma série de atividades com o objetivo de dar voz aos setores até então marginalizados da vida política, isto é, fazer avançar o processo de democratização então em curso na sociedade brasileira.