O trabalho tem como objetivo discutir a formação e experiências dos padres casados na educação no Cariri cearense a partir da segunda metade do Século XX. Esse grupo de padres partilha a condição de casados e a experiência de serem professores. O modelo de sacerdócio imposto na Igreja Católica Romana está voltado para a prática do celibato obrigatório, como norma a ser vivenciada pelos padres. No entanto, desde sua instauração, o celibato sacralizado vem sendo burlado pelos seus praticantes. O contexto dos anos de 1960 e 1970 foi protagonizado pela diminuição da influência da Igreja Católica Romana no mundo moderno, esse momento possibilitou a construção de um catolicismo progressista. Suas prerrogativas se destacavam pela busca de implantação do celibato opcional. Os progressistas, apesar de terem ideais inovadores que condiziam com os discursos modernos da época, não conseguiram romper com o modelo de Igreja tradicional adotado pelo Catolicismo Romano. O Concílio Vaticano II apesar dos sinais de avanço nas normas clericais manteve o celibato como prática obrigatória. Essa permanência gerou uma crise na instituição causada pelo grande número de evasão de sacerdotes da Igreja. No cariri cearense quase todos os padres que romperam com a Instituição religiosa para casarem, foram ou continuam exercendo o magistério seja em instituições ligadas à Igreja, em escolas do Estado e Municípios ou Universidades. Para viabilização da pesquisa trabalhamos narrativas de memória. Dessa forma, as relações estabelecidas com os padres-casados-professores nos permitiu discutir sobre suas vivências de luta e contribuição no ensino.