Este trabalho objetiva analisar as “páginas de diários” produzidas por alunos que ingressaram no Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no ano 2017. Investiga-se, com base nas características do gênero diário pessoal, os (pré)conceitos sobre o Colégio, apresentados na produção textual dos estudantes do 6º ano do ensino fundamental. Ancoramos nossa abordagem na perspectiva do dialogismo de Volochínov (2017) para quem a linguagem é uma forma de interação social. Metodologicamente, aplicamos uma sequência didática com o diário pessoal, a fim de se conhecer as características sociais, discursivas e textuais do gênero textual citado. Como produção de texto final, solicitou-se que os alunos escrevessem uma página de diário, registrando sua experiência de vida quando chegaram ao CAp pela primeira vez. Os 60 textos produzidos compõem o corpus desse estudo que tem como sujeitos crianças de 10 a 12 anos, oriundos, em sua maioria, de escolas públicas e privadas do Recife e Região Metropolitana. Desta análise, pode-se apontar a importância do diário como uma ferramenta de diálogo, instrumento reflexivo e aferidor dos significados da escola e dos espaços escolares. Além disso, o gênero possibilita um canal dialógico entre as identidades dos discentes e a própria identidade do Colégio, favorecendo a interlocução das instâncias de formação e gestão. Nesse processo sócio-histórico, vários discursos desvelam-se e revelam as concepções ideológicas instáveis sobre a escola, que alicerçam a identidade institucional.