A anemia falciforme (AF) é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um
problema global de saúde pública e dentre as doenças hereditárias é a mais comum no Brasil. Em
Pernambuco, a alta incidência é de um para cada 1.400 nascidos-vivos. O objetivo deste trabalho foi
investigar o desempenho das funções executivas (FE) em crianças escolares com AF atendidas pelo
HEMOPE, pois são habilidades relacionadas ao ritmo e à qualidade da aprendizagem. Este estudo
originou-se de projeto de pesquisa aprovado pelos Comitês de Ética e Pesquisa da UFPE (Parecer:
1.435.511) e do HEMOPE (Parecer: 1.578.277). A amostra foi distribuída em 134 participantes, na
faixa etária de 6-11 anos, divididos entre grupos clínico e controle. Observou-se diferença significativa
no grupo clínico, com índices abaixo do esperado para a idade, na faixa etária de 6-7 anos nas funções
executivas, com maior quantidade de erros no FDT-Teste dos Cinco Dígitos, entre as etapas Escolha e
Alternância (p<0,01) e na atividade Dígitos - Ordem Inversa (p<0,02). Para a faixa etária de 8-9 anos,
os resultados mostraram diferença para o teste FDT (p<0,05) na etapa Contagem, referente ao tempo
de execução. Já para a faixa etária de 10-11 anos, observou-se diferença estatística para os testes
Trilhas - Parte B (p<0,01) e Dígitos - Ordem Inversa (p< 0,04). Os resultados indicam possíveis
limitações para as funções executivas no decorrer do desenvolvimento. Estas investigações auxiliam
na elaboração de políticas públicas e difusão científica com grupos pouco investigados no País, nas
áreas de Educação e Psicologia Cognitiva.