Resumo: O ensino de língua materna, desde as séries iniciais até as mais avançadas, tem sido alvo de grandes preocupações, considerando-se o caráter excessivamente normativo e mecânico do trabalho com a linguagem. Mas, se estão claras as reivindicações pela superação das práticas ditas tradicionais, não ficam evidentes os elementos teóricos que dão suporte a uma nova postura. Nessa perspectiva, este trabalho, puramente bibliográfico, apresenta e discute algumas reflexões de M. Bakhtin, aplicáveis às práticas cotidianas de ensino de língua materna. Trata-se de um levantamento de elementos que orientam uma nova proposta de ensino, mais vinculada à realidade dos falantes, que compreenda a língua e a fala como atividades, como práticas de sentido. Nosso objetivo é valer-nos do potencial explicativo dessas reflexões teóricas, a fim de tentar minimizar as dificuldades que afetam o trabalho prático com a língua. Toda essa discussão torna-se relevante em nosso contexto educacional, uma vez que, desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Fundamental I e II (1998) e do Médio (1999), muitas pesquisas têm sinalizado para a necessidade de uma busca por alternativas que desestabilizem as práticas pedagógicas hoje vistas como tradicionais.